quinta-feira, 20 de agosto de 2009

Planos de aula de português para o ensino fundamental 2

Desenvolvendo habilidades de leitura e escrita

Objetivos
1) Comparar e perceber semelhanças e diferenças entre diversos gêneros textuais ou discursivos;

2) Reconhecer propriedades de textos ou gêneros que estão se constituindo, como o correio eletrônico e os textos digitalizados;

3) Desenvolver critérios para selecionar gêneros discursivos relevantes para a comunicação;

4) Utilizar diversos gêneros discursivos de forma eficiente e apropriada.

Comentários
É interessante destacar que os gêneros do discurso podem ser caracterizados como modos - ou pontos de vista - diversos de se ler e interpretar o mundo real, em um diálogo contínuo entre gêneros primários e secundários e ainda entre discursos dentro de um mesmo gênero, por meio do contínuo dialogismo.

Desse modo, não há como se conhecer o funcionamento e os usos da linguagem, se não ocorrerem igualmente o contato com os diversos tipos de textos/discursos e a compreensão da situação discursiva e do objetivo do autor/enunciador.

Os discursos dos outros são internalizados ou apropriados pelo sujeito e, nesse processo, ocorre a construção de seu próprio discurso e, por que não dizer, de sua própria identidade.

Assim, o desenvolvimento de habilidades de leitura e escrita, isto é, o aumento dos níveis ou graus de letramento do sujeito, ocorre na medida em este se torna capaz de identificar gêneros discursivos, transitar entre eles e ser autor de seu próprio discurso, como um ato de interação e construção do conhecimento.

Estratégias
1) Realizar um levantamento dos gêneros textuais conhecidos e utilizados pelos alunos. Por meio de perguntas e estímulos, o professor propõe e sugere diferentes tipos de gêneros discursivos, fazendo com que a classe note o contexto de uso de cada um desses gêneros;

2) O professor propõe um gênero discursivo (uma nota fiscal, uma notícia ou um conto, por exemplo) para análise. Os alunos devem mencionar as características daquele gênero (por exemplo, se já fizeram uso dessa modalidade de texto, se ela é objetiva ou subjetiva, a que leitor esse tipo de texto se destina, qual seu grau de complexidade e assim por diante);

3) Em duplas, comparar textos jornalísticos com textos literários, a fim de estabelecer semelhanças e diferenças entre eles;

4) Trabalho com equipes de três a cinco alunos. Cada uma das equipes deve redigir, coletivamente, um texto simples como bilhete, carta, telegrama ou lista de supermercado. Posteriormente, um dos membros da equipe apresentará o texto para classe e discorrerá sobre suas características;

5) Produção de um texto individual curto, relatando a experiência pessoal do aluno com o correio eletrônico.


Vencendo desafios da alfabetização
Objetivos
1) Facilitar o processo de alfabetização;
2) Aceitar as diferenças entre os sujeitos e deixar que essas diferenças tornem-se fatores constitutivos do processo de alfabetização;
3) Levar em conta as hipóteses prévias formuladas pela criança;
4) Deixar de lado a escrita automatizada, enfatizando a capacidade de ler e compreender.
Introdução
De acordo com Emília Ferreiro, a defasagem escolar parece relacionar-se diretamente com o fato de se desconsiderar os conhecimentos prévios da criança quando esta ingressa no ensino fundamental e, ainda, em razão de a escola se valer de uma concepção equivocada de escrita como um objeto hermético e estático, "ensinado" de maneira instrumental e tecnicista.
Daí, como ocorria na formação dos antigos escribas, a criança "aprende" a escrever de modo automatizado sem compreender o que lê. Assim, essa língua escrita "ensinada" pela escola não corresponde verdadeiramente à língua escrita como objeto social e dinâmico, mas, apenas como "desenho de letras e sonorização de palavras".
Quando o conhecimento que a criança já possui sobre a escrita é descartado, a escola, contraditoriamente, insiste em desenvolver "práticas desalfabetizadoras" que desmotivam e tornam o aprendizado pouco ou nada significativo.
Estratégias
a) Examinar as hipóteses próprias que a criança constrói sobre a escrita;
b) Adotar o ponto de vista do sujeito analfabeto, deixando de lado a concepção de escrita do adulto alfabetizado da sociedade contemporânea, para compreender de que maneira a criança lida com o objeto escrita;
c) Criar uma postura investigativa em relação ao processo de alfabetização.
Comentários
Embora Piaget jamais tenha se referido à escrita, sem o conhecimento de seus estudos sobre desenvolvimento infantil, Emília Ferreiro e seus colaboradores provavelmente não teriam feito tantas descobertas acerca da construção da escrita pela criança.
No que se refere aos testes de maturidade, a pesquisadora tece não poucas críticas acerca de sua real finalidade, pois estes funcionam geralmente como instrumentos de discriminação e exclusão, indo na contramão do discurso vigente de direito à educação.
Em relação à questão das novas tecnologias e a educação, a psicopedagoga contesta o pensamento de que essas novas tecnologias permitem maior democratização da educação, pois elas de nada adiantam se não se não houver professores mais bem preparados e remunerados.
É evidente que a internet consiste em um instrumento poderoso de informação e conhecimento, mas nas mãos de quem aprendeu a usá-la, caso contrário pode se tornar mais um entre tantos "recursos pedagógicos" inúteis. Aceitar novos métodos, novas tecnologias ou novas pesquisas será sempre infrutífero, caso não ocorra, por outro lado, uma verdadeira democratização da educação por meio da aceitação das diferenças e da individualidade dos sujeitos.


Utilizando a intuição e o intelecto
Ponto de partida
" Em nossa escola não há lugar para a 'pedagogia da imaginação': pelo menos enquanto não se efetive a valorização da coexistência de intuição e intelecto no processo de criação e fruição das linguagens, no processo de ensino e aprendizagem em geral." (M. H. Martins)
Objetivos
1) Desenvolver a criatividade e a aprendizagem produtiva;
2) Respeitar a heterogeneidade e a subjetividade dos educandos;
3) Trabalhar com diversos tipos de linguagem em sala de aula;
4) Associar duas formas de conhecimento, a intuição e o intelecto;
5) Incentivar o diálogo e a interação entre sujeitos e linguagens.
Estratégias e sugestões
A escola - espaço no qual deveriam transitar os mais diversos tipos de códigos, linguagens e sentimentos - desconsidera quase sempre qualquer uso de linguagem que não seja o verbal, sobretudo o escrito.
O desenvolvimento da intuição, da imaginação e da criatividade como instrumentos de apreensão do mundo e, conseqüentemente, como fundamentos para a percepção da realidade parece constituir uma problemática bastante complexa e paradoxal dentro e fora de nossas salas de aula.
Tal complexidade resulta da dificuldade em se valer simultaneamente da intuição e do intelecto, da emoção e da razão, do sentido e do raciocínio, sem que um necessariamente anule o outro.
De maneira equivocada, pressupõe-se o primitivismo da intuição e da emoção, caracterizados como elementos avessos ao pensamento racional e lógico, próprio das sociedades modernas e civilizadas e da instituição escolar. Assim, parece não haver lugar para o sentido ou para a emoção nos espaços destinados ao conhecimento, ao cientificismo, ao racionalismo.
O excesso de imagens e apelos visuais surge na contramão da leitura e da interpretação dessas linguagens, já que a velocidade e a descartabilidade características do mundo globalizado não permitem, ou pelo menos dificultam, a reflexão sobre aquilo que vemos, pois tudo parece muito óbvio e natural.
O ensino baseado apenas no intelecto pode se tornar extremamente "castrador" uma vez que não permite o aprendizado resultante das experiências do aprendiz, na sua relação com o mundo e com o outro, pois dificulta o diálogo, a interação e, conseqüentemente, a aceitação das diferenças. Além disso, a noção do verdadeiro papel da linguagem revela-se limitada e "limitante", já que apenas a escrita é considerada linguagem propriamente dita no espaço escolar.
Essa apologia ao intelecto e ao racionalismo, paradoxalmente, pode levar o aluno à alienação, à noção apenas de uma parte em detrimento do todo, pois na sociedade globalizada e neoliberal não há tempo para o lúdico, para o imaginário e para o fantasioso. Como exemplo dessa situação, é possível observar o crescente alarmismo em relação ao conhecimento tecnológico e ao domínio das novas mídias como a internet. Não há tempo para a reflexão, para o diálogo, para a construção de saberes e o desenvolvimento de novas idéias, e assim se reproduz uma visão segmentada de mundo.

"Um Certo Capitão Rodrigo"
Objetivos
1) Ler e compreender o romance "Um Certo Capitão Rodrigo", de Érico Veríssimo (refresque a memória com o resumo);
2) Relacionar fatos históricos com as situações retratadas na obra literária;
3) Analisar e interpretar os seguintes aspectos da obra:
a) Caracterização das personagens, especialmente o protagonista;b) Configuração do tempo e do espaço narrativos;c) Desenvolvimento do enredo e preparação do clímax (o duelo);d) Caracterização do narrador.
Estratégias
1) Realizar uma pesquisa histórica, utilizando diversos meios como internet, material didático, arquivos, livros de história e outras obras de referência;
2) Propor a realização de um debate com a participação de toda a classe, relacionando os fatos históricos com aspectos da obra.
3) Realizar um seminário em que a classe, dividida em grupos de dois a cinco alunos, trate dos seguintes temas:
a) Levantar as qualidades físicas e morais do capitão Rodrigo;b) Comentar os pontos negativos do capitão Rodrigo;c) Descrever resumidamente o espaço e o tempo da narrativa;d) Traçar o perfil de alguns personagens importantes (os familiares);e) Comentar a importância do duelo entre Bento Amaral e o capitão Rodrigo para o desenvolvimento da história;f) Identificar e resumir o clímax da narrativa.
Comentários e sugestões
Essa atividade ganha em interesse e eficácia se for desenvolvida em conjunto com o professor de história, que também pode participar de um debate multidisciplinar sobre o tema. A contribuição da área de história também pode enriquecer a pesquisa realizada pelos alunos.
Para a realização da pesquisa histórica, o professor pode desdobrá-la em itens, entregando cada tópico a um grupo de alunos. Algumas sugestões de pesquisa são:
a) Guerra dos Farrapos ou Revolução Farroupilha;b) A figura histórica do coronel Bento Gonçalves;c) O sistema de sesmarias;d) A imigração alemã e sua importância no estado do Rio Grande do Sul;e) A vida dos índios nas missões guaranis;f) A distribuição das missões durante a Guerra dos Sete Povos das Missões.

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