História geral
Nível fundamental
A Sociedade de Corte e o nascimento da etiqueta
Objetivos
1) Caracterizar a sociedade de corte da época Moderna;
2) Relacionar o surgimento da etiqueta à sociedade de corte;
3) Caracterizar o conceito de civilização.
Ponto de partida
1) Ler o item Isolamento e Proteção, do artigo Feudalismo, disponível no site Educação;
2) Ler o texto "Novo Tratado de Civilidade", de Antoine de Coutin, ou seu trecho abaixo transcrito.
Justificativa
O conceito de civilização, na definição de Norbert Elias, acompanha o processo de perda da função social da nobreza guerreira e a conseqüente aproximação dessa classe social ao monarca fortalecido. Conhecer e caracterizar os processos culturais que modificaram a mentalidade da aristocracia francesa contribui para solucionar muitos dos problemas conceituais que levaram à Revolução Francesa. Em especial, aqueles relacionados à explosão de rebeliões camponesas contra os símbolos do poder absolutista, intimamente ligados à opressão da corte aristocrática.
Estratégias
1) Conversa inicial com os alunos sobre os procedimentos que adotamos para sentarmo-nos à mesa para as refeições.
2) Comparar o uso de cadeiras e talheres ao procedimento de outras sociedades, tais como a japonesa - com o uso de "hashis" e acomodação ao solo - ou a indígena - sem o uso de talheres. Essa etapa pode ser feita a partir de pesquisas realizadas previamente pelos alunos.
3) Ler o seguinte texto de Antoine de Coutin:
“Se todos estão se servindo do mesmo prato, evite pôr nele a mão antes que o tenham feito as pessoas da mais alta categoria, e trate de tirar o alimento apenas da parte do prato que está à sua frente. Ainda menos deve pegar as melhores porções, mesmo que aconteça você ser o último a se servir.Cabe observar ainda que você sempre deve limpar a colher quando, depois de usá-la, quiser tirar alguma coisa de outro prato, havendo pessoas tão delicadas que não querem tomar a sopa na qual mergulhou a colher depois de a ter levado à boca.E, ainda mais, se estás à mesa de pessoas refinadas, não é suficiente enxugar a colher depois de a ter levado à boca. Não deves usá-la mais, e sim pedir outra. Além disso, em muitos lugares, colheres são trazidas com o prato, e estas servem apenas para tirar a sopa e o molho.Você não deve tomar a sopa na sopeira, mas colocá-la no seu prato fundo. Se ela estiver quente demais, é indelicado soprar cada colherada. Deve esperar até que esfrie.Se tiver a infelicidade de queimar a boca, deve suportar isto pacientemente, se puder, sem demonstrar, mas se a queimadura for insuportável, como às vezes acontece, deve, antes que os outros notem, pegar seu prato imediatamente com u’a mão e levá-lo à boca e rapidamente passá-lo ao lacaio atrás de sua cadeira.”
Coutin, Antoine de. Novo tratado de civilidade, in Elias, Norbert. “O Processo Civilizador. Uma História dos Costumes." Rio de Janeiro, Jorge Zahar Editor, 1990, p.102.
4) Associar o "processo civilizador" à nossa maneira de sentarmo-nos à mesa.
5) Elaborar hipóteses acerca do procedimento medieval para as refeições.
6) Extrair do texto procedimentos de elegância, refinamento, higiene e controle corporal adotados pela sociedade de corte.
7) Estabelecer as funções sociais da nobreza francesa antes e depois da centralização monárquica.
Tempo e calendário
Objetivos
1) Questionamento com relação à subjetividade do "passar do tempo", relacionando-o com atividades prazerosas e não prazerosas;
2) Desenvolvimento da percepção de diferentes tempos: psicológico, biológico, e astronômico para a construção do tempo histórico;
3) Identificar as maneiras de representação da passagem do tempo;
4) Conhecer a historicidade do calendário utilizado atualmente e estabelecer relações de permanência e mudança entre as diferentes temporalidades (passado e presente), uma vez que várias tradições culturais de outros tempos permanecem vivas no presente.
Ponto de Partida
1) Ler o texto Calendário, no site Educação do UOL.
Justificativa
Desenvolver no aluno a noção de tempo histórico não é somente limitá-lo ao desenvolvimento do tempo cronológico referente à localização de datas, séculos e à periodização. Exige-se uma reflexão cuidadosa por parte do historiador em mostrar ao aluno que a própria forma de contarmos o tempo em nossa sociedade é histórica, ou seja, é fruto de uma determinada cultura ao estabelecer uma interação entre o tempo da natureza e o tempo dos homens na organização da vida social.
Estratégias
1) Para que possamos desenvolver nos nossos alunos a noção de tempo histórico, devemos primeiramente despertar noções que a antecedem. Para isso, se faz necessário introduzir questões que agucem a percepção da passagem do tempo de variadas formas. Portanto, o professor deverá lançar questões problematizadoras em torno do tempo (psicológico, biológico e atronômico), elaborando perguntas que abordem situações vivenciadas no cotidiano dos alunos. Exemplos:
· O que demora mais para passar: cinco minutos no recreio da escola ou cinco minutos na cadeira de um dentista?
· O crescimento dos seus cabelos, das suas unhas é uma forma de perceber a passagem do tempo?
· As diversas fases pelas quais a Lua passa também é uma maneira de perceber a passagem do tempo?
2) Uma vez realizada a proposta acima, os alunos estarão aptos para entender e desenvolverm a noção de tempo histórico. Dessa forma, o professor poderá solicitar aos alunos que façam a leitura silenciosa e individualmente do texto intitulado "Calendário". Paralelamente à leitura, peça que destaquem com uma caneta marca-texto as palavras desconhecidas.
3) O professor poderá montar uma caixa pedagógica com dicionários específicos da disciplina de História, ou então com dicionários da própria Língua Portuguesa e levá-los para a sala de aula, pondo-os à disposição dos grupos para o momento de consulta.
4) Solicite aos alunos que se organizem em pequenos grupos e realizem um glossário das palavras que até então eram desconhecidas. Oriente os grupos a registrar neste glossário somente o significado mais adequado ao texto que está sendo objeto de reflexão.
5) Agora, analisando sob o ponto de vista da noção de tempo histórico, o professor poderá pedir a seus alunos que apontem no texto uma situação ocorrida no passado e que permanece viva no nosso presente. O próprio tema do texto leva à resposta correta. Portanto, pretende-se mostrar que a mensuração do tempo da qual somos herdeiros possui uma historicidade dotada de permanências e mudanças, revelando que a medida do tempo é uma convenção criada pelo homem na sua relação com a natureza, com o seu modo de vida e sua concepção de mundo.
Mitos da Criação
Objetivos
1) Conceituação de mito e história nas sociedades antigas e modernas.
2) Valorização da tradição oral pelas narrativas mitológicas.
3) Conhecimento das variadas concepções de origem do mundo a partir de mitos de diversos povos.
4) Comparação entre mitos produzidos em regiões geograficamente distantes entre si, mas com enredos semelhantes.
5) Reconhecimento da importância das narrativas mitológicas para preservação da história-memória dos povos.
Ponto de Partida
1) Ler o texto "Mitologia - uma das formas que o homem encontrou para explicar o mundo
Justificativa
Nas sociedades antigas, ditas primitivas, o mito não faz parte da história, mas, sim, é a própria história. Já em nossa sociedade, o mito e a história são concebidos de maneiras distintas e diante do pensamento empírico-científico, mito e história assumem categorias bem definidas e dissociáveis entre si.
Para quem vive em uma cultura mitológica, tudo o que se faz na vida é um ritual, apenas uma repetição de eventos que ocorreram nos mitos; é uma visão cíclica e o tempo cronológico não tem nenhuma importância, uma vez que o "começo" pode ser sempre restabelecido.
Embora a sociedade ocidental moderna, da qual fazemos parte, compreenda a história, de maneira geral, de forma linear, várias de nossas ações podem ser consideradas uma repetição de eventos cíclicos, como os que ocorrem nos mitos. Um exemplo disso é a nossa festa de ano novo, muito significativa para nós, porque nos traz um sentimento de renovação, de esperança, de recomeço.
Estratégias
1) Para saber o que uma classe conhece do conceito de mitologia, o professor poderia iniciar a aula perguntando a alguns alunos: Quando se fala em mitologia, que palavra lhe vem à mente?
2) Organizar a lousa de modo que cada fileira de alunos (por exemplo) seja representada por uma coluna. Dessa forma, registrar na lousa a resposta de cada aluno, com a palavra que lhe veio à mente quando se falou em mitologia. Para que a aula fique mais envolvente e o aluno pense mais sobre a palavra que vai dizer, informe que é proibido repetir palavras que outro aluno já tenha falado. Eles deverão ser criativos e rápidos neste primeiro exercício.
3) Agora, o professor poderá apresentar o texto que será objeto de reflexão e discussão da aula: "Mitologia - uma das formas que o homem encontrou para explicar o mundo". Fica a critério do professor realizar a leitura em voz alta para toda a classe ou deixar que os alunos individualmente a realizem.
4) Solicite que, ao lerem o texto, os alunos grifem com uma caneta marca-texto as palavras que por ventura forem as mesmas registradas na lousa. O professor deverá chamar a atenção sobre essas palavras, pois são reveladoras do quanto os próprios alunos são detentores de um conhecimento prévio.
5) Após este exercício inicial, é interessante que o professor reflita com a classe sobre a diferença entre mito e teoria científica. É importante que os alunos percebam as diferenças, mas não as classifiquem como certas ou erradas. Deve-se ressaltar que os mitos trabalham com uma outra temporalidade, que não é precisa nem linear.
6) O professor também deverá assegurar uma atividade que mostre o paralelismo entre vários mitos, principalmente aqueles que dizem respeito à criação do mundo, contados em regiões geograficamente distantes entre si. Traçar esses paralelismos requer, por parte dos alunos, o envolvimento com pesquisa e com cartografia para localizar os lugares onde as narrativas mitológicas se originaram.
7) Para que todos os grupos tenham acesso aos outros mitos pesquisados, o professor deverá solicitar que cada grupo monte um painel, como uma sucessão de pequenos quadros onde o mito poderá ser compreendido não por meio da escrita, mas por meio dos desenhos elaborados pelo grupo.
8) Essa etapa do trabalho poderá ser compartilhada com a disciplina de Artes, inclusive os desenhos poderão mostrar as técnicas de pintura que os alunos aprenderam nessa disciplina.
Como desafio, cada grupo deverá fazer a leitura das imagens produzidas pelo outro grupo, além de dizer de qual povo pertence a narrativa mitológica.
Após a apresentação de todos os grupos, os alunos deverão indicar quais narrativas mitológicas são semelhantes entre si.
9) Após as apresentações desses painéis, o professor poderá selecioná-los para expô-los no mural interno ou externo, valorizando dessa forma o trabalho de toda a equipe.
Sugestões de leitura para o professor
· "Mitos Paralelos", de J. F. Bierlein, tradução de Pedro Ribeiro - uma introdução aos mitos no mundo moderno e as impressionantes semelhanças entre heróis e deuses de diferentes culturas. (Ediouro, 2004)
· "Mito e realidade", de Mircea Eliade (Perspectiva, 1972).
· "História e Mito", de Eudoro Souza (Ed. Universidade de Brasília, 1981).
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