sexta-feira, 30 de maio de 2008
História geral...Expanção marítma, revolução industrial
Nível fundamental
Expansão martítima
Objetivos
1) Esclarecer porque a Inglaterra, a França e a Holanda foram retardatárias na busca de novas rotas de comércio para o Oriente se comparadas aos países ibéricos;
2) Demonstrar as rotas tentadas por esses países;
3) Destacar o momento da mudança de estratégia, quando a idéia da procura por novas terras foi abandonada e substituída pelo processo de colonização da América do Norte e do Caribe;
4) Comparar e analisar a diferença entre a colonização do Caribe e da América do Norte;
5) Analisar as relações entre os Estados europeus e os piratas do Caribe, ressaltando as diferenças destes em relação aos corsários;
6) Estabelecer uma relação entre o enfraquecimento de Portugal - durante o período do Domínio Espanhol (1580 a 1640) - e as invasões holandesas aos territórios portugueses do Oriente e ao Nordeste do Brasil;
7) Destacar o papel das "Companhias das Índias" (Orientais e Ocidentais) no caso da expansão holandesa.
Comentário introdutório
O assunto tratado nesta aula não é facilmente encontrado em livros didáticos. As informações normalmente são dispersas e acabam por fazerem referência apenas ao início da colonização de algumas regiões da América, sobretudo da América do Norte.
Há um certo vazio de dados disponíveis, mesmo nos melhores livros didáticos, sobre o início das grandes navegações inglesas, francesas e holandesas e o estabelecimento de colônias em território americano.
Ponto de partida
Pode-se utilizar o texto A expansão marítima tardia da Inglaterra, França e Holanda do Educação. Será indispensável o uso de mapas que demonstrem as rotas percorridas e os territórios colonizados.
O ideal é exibir esses mapas para toda a sala através de retroprojetor ou data show.
O "Atlas da História do Mundo", Folha de S. Paulo, 1995, e o "Atlas da História Moderna" (Verbo/EDUSP,1979), de Colin McEvedy são duas ótimas fontes. Sobre a relação entre corsários, Estados europeus e colonização do Caribe, há uma vasta matéria na revista História Viva (Ed. Duetto), nº 3, de janeiro de 2004.
Estratégias
O tema dessa aula só ganha sentido se for usado como um complemento ao estudo da expansão marítima ibérica. Sua abordagem, em todo caso, cria uma base para o início do estudo da colonização da América do Norte e do Caribe ao destacar os interesses dos colonizadores e as condições em que se criaram seus núcleos de ocupação nos territórios em questão.
Atividades
Faça a leitura do texto A expansão marítima tardia da Inglaterra, França e Holanda acompanhada da projeção simultânea das rotas de navegação, nos mapas recomendados, para que os alunos possam ter detalhes do processo, passo a passo.
Sugestões e dicas
O tema da pirataria é sempre um assunto que desperta o interesse dos alunos. A projeção de filmes da trilogia "Piratas do Caribe", do diretor Gore Verbinski, pode abrir uma discussão sobre o glamour desses personagens, no cinema, e uma comparação entre pirataria no passado e no presente.
Revolução Industrial
Introdução
O estudo das razões e significados do pioneirismo inglês no processo de industrialização permite reconhecer uma série de relações que a Inglaterra manterá posteriormente com diversos países, inclusive com o Brasil.
Além disso, este estudo pode favorecer a compreensão das alterações que essa revolução gerou nas sociabilidades e como tais aspectos levaram a uma reestruturação no uso do tempo e do espaço na sociedade inglesa. Essa reestruturação atingirá mais tarde os demais países que desenvolverão seus processos de industrialização.
O trabalho pode também abordar as alterações nas relações de trabalho que se efetivarão com a necessidade da produção em larga escala. Na abordagem desta problemática é importante que sejam analisadas as permanências e mudanças na exploração do trabalho infantil, masculino e feminino e que a luta por direitos do trabalhador seja reconhecida no processo de longa duração.
Antes desta aula se efetivar peça que os alunos desenvolvam pesquisas prévias sobre o que foi a Revolução Industrial e sobre a exploração do trabalhador neste processo (inclusive da criança). Deste modo, o aproveitamento será maior e as colaborações dos alunos, mais freqüentes.
Objetivo
1) Reconhecimento das especificidades que permitiram à Inglaterra o pioneirismo no processo de industrialização.
2) Percepção das transformações econômicas e principalmente das mudanças nos hábitos e nas relações de trabalho existentes no território inglês.
3) Reconhecimento da longa duração da exploração do trabalhador (inclusive da mão-de-obra infantil) e da luta por direitos relacionados ao mundo do trabalho.
4) Percepção do uso do livro didático como fonte para o trabalho do historiador.
5) Uso da fotografia como registro de versões da história.
Estratégias
1) Faça a leitura coletiva de um texto referente à Revolução Industrial. A leitura deve ser entrecortada por suas interferências, para que a temática seja compreendida mais facilmente. Se o conteúdo do livro didático adotado na escola em relação ao tema não for suficiente, material didático extra pode ser produzido pelo professor. Este tipo de atividade é fundamental no cotidiano escolar para que a habilidade de leitura seja desenvolvida.
2) Depois de abordar a temática, faça um trabalho com os alunos em que eles interpretem momentos que representem a exploração do trabalho nas fábricas. Eles devem fotografar estas cenas e, a partir dos resultados, organizar uma exposição de toda a sala, com legendas que ajudem a compreender as representações desse momento histórico. É importante fazer uma pequena exposição sobre a história da fotografia e suas possibilidades de uso no trabalho de pesquisa histórica, para que a proposta fique fundamentada.
Atividades
1) Escreva com a turma os principais aspectos da Revolução Industrial na Inglaterra. Depois deste levantamento sorteie cada um dos aspectos para cada grupo de alunos (sugestão: grupo com cinco componentes).
2) Peça que cada equipe utilize uma maneira para representar o aspecto que terá de abordar, preferencialmente uma apresentação interativa.
3) Monte com toda a turma um "túnel do tempo" em que a Revolução Industrial será o tema gerador. Nele cada equipe deverá efetuar sua apresentação interativa sobre o processo de industrialização inglês. Qualquer instrumental ou metodologia usados devem antes ter sido observados pelo professor. É importante que a turma decida qual ordem nas apresentações é mais apropriada para que suas mensagens se tornem mais claras aos espectadores.
Sugestões
Nesta proposta de atividade há a necessidade de interação entre diferentes turmas, para que as produções dos alunos façam parte de todo o cotidiano escolar. A interação permite trocas valiosas para o aprendizado dos distintos grupos. Entretanto, se o tempo não permitir esta interação, é possível adaptar a mesma atividade para que fique restrita a uma única turma.
História do Brasil...Trilhas e sabores - percursos dos tropeiros nas Minas Gerais
Nível fudamental
Trilhas e sabores - percursos dos tropeiros nas Minas Gerais
Objetivos
1) Reconhecer as características de relevo e clima das regiões cortadas pela Estrada Real.
2) Relacionar a itinerância à atividade tropeira.
3) Relacionar a conhecida receita do feijão tropeiro à itinerância.
4) Relacionar a consolidação de um mercado interno colonial à atividade tropeira.
Ponto de partida
1) Ler os itens "Entradas e bandeiras, "Riquezas e escravos" e "São Vicente e São Paulo", do texto Expansão territorial, do site Educação;
2) Ler o item "Região Sudeste", do texto Comida também é cultura, no site Educação;
3) Ler uma receita para fazer feijão tropeiro. (Sugerimos: 500 g de feijão carioca ou roxinho; 200 g de farinha de mandioca; 200 g de toucinho de porco ou bacon; 1 concha de gordura de porco;1 colher de sal de alho; 1 cebola média em cubinhos; 5 ovos; cheiro verde a gosto; pimenta a gosto).
4) Disponibilizar o mapa da estrada, que se encontra no site do Instituto da Estrada Real para os alunos.
Justificativa
Afinal de contas, o feijão tropeiro é paulista ou mineiro? Para um bom observador dos mapas históricos da época da mineração, não basta dar a resposta em uma palavra. Os caminhos percorridos pelos tropeiros demonstram que as mulas que eles montavam carregavam muito mais do que suprimentos para os habitantes das Minas Gerais. Músicas, hábitos, pratos, tudo era produzido para garantir sua mobilidade pelos caminhos da colônia e também a sua própria sobrevivência.
Estratégias
1) Ler a receita do feijão tropeiro com os alunos. Relacionar a receita à culinária mineira e paulista.
2) Localizar no mapa da economia colonial do século 18 os locais onde esses ingredientes poderiam ser obtidos na colônia.
3) Trabalhar com os alunos os pontos que se interligam através da Estrada Real (Distrito Diamantino, Ouro Preto como ponto de confluência dos diamantes e ouro, Parati e Rio de Janeiro como portos para escoamento das riquezas até a Metrópole).
4) Identificar a Serra da Mantiqueira, a Serra do Mar e a Serra da Bocaina, caracterizar a flora, o relevo e as condições climáticas ali existentes, e indicar as dificuldades que os tropeiros poderiam enfrentar para transpassá-las. (Esta etapa pode ser realizada em conjunto com o professor de Geografia ou como pesquisa preliminar feita pelos alunos).
5) Relacionar os ingredientes utilizados para cozinhar o feijão tropeiro à necessidade de suportar vários dias de viagem e de transportar alimentos sempre duráveis e secos (carne salgada, armazenada em gordura de porco, farinha de milho ou de mandioca, toucinho e feijão).
6) Relacionar o trempe (suporte de três pernas de madeira verde onde a panela de ferro ficava pendurada sobre o fogo, cozinhando o alimento) à itinerância tropeira.
7) A partir de um mapa da economia colonial do século 18, indicar de que maneira os tropeiros forjaram um mercado interno colonial.
8) Indicar os motivos da economia mineradora em adquirir o gado muar dos tropeiros.
História do Brasil...modernismos brasileiros - literatura, soneto 12
Modernismos brasileiros - literatura
Objetivos
1) Ampliar o conceito de Modernismo comumente apresentado pelo livro didático.
2) Relativizar a ruptura estética promovida pelos modernistas da Semana de 1922 a partir de textos considerados "não modernistas", escritos a partir do fim do século 19.
3) Caracterizar as limitações do mercado cultural brasileiro dos anos 20 e 30 e a posição do escritor nesse período da história brasileira.
4) Tomar contato com outra estética literária, produzida por autores "desconhecidos".
Ponto de partida
1) Ler o item A Semana de Arte Moderna, no texto 1919-1922 - Governo Epitácio Pessoa no site Educação;
2) Ler o soneto 12 do poema "Via Láctea" de Olavo Bilac (1903), e a versão parodiada de Aparício Torelly (1926) e um poema de Mário de Andrade a escolher. Sugerimos Anhangabaú.
3) Ler a frase "No Brasil, tenho pena de quem vive da pena".
Justificativa
A Semana de 22 é considerada como marco inicial do Modernismo brasileiro. No entanto, os especialistas vêm relativizando os marcos cronológicos há algum tempo, insistindo na idéia de que havia elementos modernistas em outros autores que escreveram belos romances, poemas ou contos no início do século, como Euclides da Cunha ou Lima Barreto.
Houve também autores considerados impertinentes pela crítica da época, normalmente esquecidos pela crítica literária, pois através de seus escritos revelavam muitos ressentimentos e fissuras da sociedade brasileira do início do século, ainda marcada pela escravidão, pelo analfabetismo e pela pobreza generalizada.
Estratégias
1) Resgatar com os alunos o papel da oligarquia paulista durante a 1ª. República e a fratura política inaugurada pela derrota na Campanha Civilista de 1910.
2) Ler o poema de Olavo Bilac, ressaltando o esquema das rimas e da métrica e a temática, ainda ligadas à estética literária de fins do século 19.
3) Ler o poema de Mário de Andrade, ressaltando a ausência das rimas e a alteração da métrica. Ressaltar a ruptura estética do poema. Enfatizar a temática da cidade de São Paulo e aproximá-la da busca pela hegemonia cultural paulista promovida pela Semana de 22.
4) Lembrar aos alunos que naquela época, 80% da população brasileira era analfabeta e que o exemplar de "Macunaíma", escrito por Mário de Andrade, não vendeu mais do que 600 exemplares até os anos 40, relativizando, assim, o impacto da Semana de 22.
5) Ler a frase do item 3 e caracterizar a precariedade dos circuitos de leitura no Brasil do início do século.
6) Ler a paródia de Aparício Torelly e ressaltar a crítica inerente a ela. Ressaltar as funções da forma parodiada e a necessidade de aliar forma e função para compreender as manifestações artísticas de maneira mais ampla.
Soneto 12 do poema "Via-Láctea" (1903)
Olavo Bilac
"Ora (direis) ouvir estrelas! CertoPerdeste o senso!" E eu vos direi, no entanto,Que, para ouvi-las, muita vez despertoE abro as janelas, pálido de espanto...
E conversamos toda a noite, enquantoA Via-Láctea, como um pálio aberto,Cintila. E, ao vir do sol, saudoso e em pranto,Inda as procuro pelo céu deserto.
Direis agora: "Tresloucado amigo!Que conversas com elas? Que sentidoTem o que dizem, quando estão contigo?"
E eu vos direi: "Amai para entendê-las!Pois só quem ama pode ter ouvidoCapaz de ouvir e de entender estrelas."
História do Brasil...Modernismos brasileiros-literatura, soneto 12
nível fundamental
Modernismos brasileiros - literatura
Objetivos
1) Ampliar o conceito de Modernismo comumente apresentado pelo livro didático.
2) Relativizar a ruptura estética promovida pelos modernistas da Semana de 1922 a partir de textos considerados "não modernistas", escritos a partir do fim do século 19.
3) Caracterizar as limitações do mercado cultural brasileiro dos anos 20 e 30 e a posição do escritor nesse período da história brasileira.
4) Tomar contato com outra estética literária, produzida por autores "desconhecidos".
Ponto de partida
1) Ler o item A Semana de Arte Moderna, no texto 1919-1922 - Governo Epitácio Pessoa no site Educação;
2) Ler o soneto 12 do poema "Via Láctea" de Olavo Bilac (1903), e a versão parodiada de Aparício Torelly (1926) e um poema de Mário de Andrade a escolher. Sugerimos Anhangabaú.
3) Ler a frase "No Brasil, tenho pena de quem vive da pena".
Justificativa
A Semana de 22 é considerada como marco inicial do Modernismo brasileiro. No entanto, os especialistas vêm relativizando os marcos cronológicos há algum tempo, insistindo na idéia de que havia elementos modernistas em outros autores que escreveram belos romances, poemas ou contos no início do século, como Euclides da Cunha ou Lima Barreto.
Houve também autores considerados impertinentes pela crítica da época, normalmente esquecidos pela crítica literária, pois através de seus escritos revelavam muitos ressentimentos e fissuras da sociedade brasileira do início do século, ainda marcada pela escravidão, pelo analfabetismo e pela pobreza generalizada.
Estratégias
1) Resgatar com os alunos o papel da oligarquia paulista durante a 1ª. República e a fratura política inaugurada pela derrota na Campanha Civilista de 1910.
2) Ler o poema de Olavo Bilac, ressaltando o esquema das rimas e da métrica e a temática, ainda ligadas à estética literária de fins do século 19.
3) Ler o poema de Mário de Andrade, ressaltando a ausência das rimas e a alteração da métrica. Ressaltar a ruptura estética do poema. Enfatizar a temática da cidade de São Paulo e aproximá-la da busca pela hegemonia cultural paulista promovida pela Semana de 22.
4) Lembrar aos alunos que naquela época, 80% da população brasileira era analfabeta e que o exemplar de "Macunaíma", escrito por Mário de Andrade, não vendeu mais do que 600 exemplares até os anos 40, relativizando, assim, o impacto da Semana de 22.
5) Ler a frase do item 3 e caracterizar a precariedade dos circuitos de leitura no Brasil do início do século.
6) Ler a paródia de Aparício Torelly e ressaltar a crítica inerente a ela. Ressaltar as funções da forma parodiada e a necessidade de aliar forma e função para compreender as manifestações artísticas de maneira mais ampla.
Soneto 12 do poema "Via-Láctea" (1903)
Olavo Bilac
"Ora (direis) ouvir estrelas! CertoPerdeste o senso!" E eu vos direi, no entanto,Que, para ouvi-las, muita vez despertoE abro as janelas, pálido de espanto...
E conversamos toda a noite, enquantoA Via-Láctea, como um pálio aberto,Cintila. E, ao vir do sol, saudoso e em pranto,Inda as procuro pelo céu deserto.
Direis agora: "Tresloucado amigo!Que conversas com elas? Que sentidoTem o que dizem, quando estão contigo?"
E eu vos direi: "Amai para entendê-las!Pois só quem ama pode ter ouvidoCapaz de ouvir e de entender estrelas."
História do Brasil...Paródia, lenda caiapó
Nível fundametal
Paródia (1926)
Aparício Torelly, o Barão de Itararé
Ora! - direis - ouvir panelas! Certoficaste louco... E eu vos direi, no entanto,que muitas vezes paro, boquiaberto,para escutá-los pálido de espanto.
Direis agora: - Meu louco amigo,Que poderão dizer umas panelas?O que é que dizem quando estão contigoE que sentido têm as frases delas?E direi mais: - Isso quanto ao sentido,Só quem tem fome pode ter ouvidoCapaz de ouvir e entender panelas.
Lenda kaiapó
Objetivos
1) Tomar contato com a mitologia indígena brasileira;
2) Compreender as condições materiais e culturais que permitiram o surgimento dos mitos indígenas brasileiros;
3) Relativizar os componentes fantásticos dos mitos a partir do conhecimento das condições materiais dos povos que os produziram.
Ponto de Partida
1) Ler os itens "Julgamento da história" e "Brancos e índios hoje", do artigo Índios do Brasil do site Educação;
2) Ler a lenda kaiapó "Da origem dos nomes Bekwe e Betuk-ti":
“Tabujo de Wayangá, o Pajé, queimou no fogo. Queimou o pé. O Tabujo chorou muito. Wayangá foi lá. Ele perguntou:- Por que i-Tabujo está chorando?Na casa da irmã tinha um grande berarubu, bolo de carne de mandioca. Wayangá falou para a irmã:- Abre berarubu, eu quero deitar em cima.A irmã abriu o berarubu. O Wayangá disse:- Vou deitar, deitar de um lado e depois do outro.Queimando, correu para o rio e caiu na água. Outro irmão falou:- Não morreu, não. A água é funda, ele ficou com os peixes.Ali, no fundo do rio, Wayangá viu os peixes dançando. Dançando para dar nome de Bekwe à piranha, à bicuda e ao cará. Wayangá demorou muito. Três invernos e três verões. Depois voltou. Wayangá que tinha queimado estava chegando. Chegou. A irmã estava chorando porque o Wayangá estava chegando. O cabelo estava comprido. O corpo estava pintado. Tinha muito peixe no cabelo. Wayangá foi dançar na praça, sozinho. Os outros não conheciam esta dança. Ele tinha aprendido com os peixes. Wayangá chegou na casa da irmã e disse:- A minha Tabujo vai chamar Bekwe-bô, e se é homem, Betuk-ti.”
Extraído de Vidal, Lux. "Morte e Vida de uma Sociedade Indígena Brasileira". São Paulo, Hucitec, 1977, p.221.
Glossário
1) Tabujo: "termo de parentesco que indica o filho da irmã. O mesmo termo designa o filho do filho e o filho da filha de quem fala. É um termo que compreende, numa só categoria, o que para nós são netos e sobrinhos. I-Tabujo: meu sobrinho".
2) Wayangá: "xamã, pajé. Tem o poder de ver e entrar em contato com o sobrenatural e de viajar através dos vários domínios cósmicos, de onde traz para a vida social conhecimentos, ornamentos e itens culturais (ritos, cantos, nomes, etc.). Este mito refere-se às práticas sociais da outorga e transmissão dos nomes Xikrin. O avô e o tio materno são os nominadores, por excelência, dos meninos."
3) Berarubu: "carne, ou bolos de carne e mandioca, assados em fornos de pedras. Berarubu é, também, em todo o interior paraense e amazonense, o nome dado a esse tipo de forno e aos alimentos que nele se cozinham."
Aracy Lopes da Silva. Mito, razão, História e Sociedade: inter-relações nos universos sócio-culturais indígenas in Silva, A. L. e Gruppioni, L. D. B. "A Temática Indígena na Sala de Aula". São Paulo/Brasília, Edusp/Global, 2000, p.328.
Justificativa
Ao utilizar narrativas mitológicas em sala de aula, costumamos destacar o componente fantástico que elas apresentam. Os alunos se interessam, reproduzem-nas em peças teatrais, redigem outras histórias a partir do mito do herói ou constroem belas histórias em quadrinhos sobre elas. No entanto, especialmente quando tratamos a respeito da mitologia indígena, com uma simbologia toda especial e parcamente estudada, é preciso acautelar-se diante de generalizações apressadas.
As narrativas mitológicas dos indígenas brasileiros são riquíssimas em imagens e personagens considerados "fantásticos", chamam a atenção para a simplicidade e delicadeza do desenrolar da história, mas que, por não fazerem parte do repertório intelectual infantil (ou mesmo adulto), suscitam incompreensões e prejulgamentos. A saída é buscar a riqueza e profundidade do mito aproximando-o à cultura de cada grupo social indígena que o produziu.
Estratégias
Momento 11) Selecionar um aluno voluntário. Vendá-lo e esquentar seu pé (sugere-se esquentar uma faca com isqueiro e aproximar do pé do aluno);
2) Solicitar que o aluno estabeleça uma correspondência da sua sensação com uma cor;
3) Selecionar um segundo aluno voluntário. Vendá-lo e mergulhar seu braço num balde d'água;
4) Solicitar que o aluno estabeleça uma correspondência da sua sensação com uma cor;
5) Realizar um jogo da forca, para que os alunos adivinhem as seguintes palavras: Bekwe-bô, Betuk-ti e Berarubu;
6) Solicitar que os alunos realizem uma representação gráfica de um peixe;
7) Ler a lenda kaiapó "Da origem dos nomes Bekwe e Betuk-ti". Explorar a sonoridade própria e ritmo peculiar das frases. Explorar a dificuldade dos alunos em entender a narrativa;
8) Recontar a história, de modo a fazê-los compreender os diferentes momentos da narrativa;
9) Solicitar que os alunos montem uma dramatização muda da lenda, utilizando as cores sugeridas ao longo da aula, mímica e figurino.
Momento 21) Discussão com os alunos a respeito da simbologia da lenda. (Exatamente por se tratar de uma lenda que fala sobre o "batismo" do Tabujo, a lenda Xikrin é uma história de renascimento e regeneração. O Wayangá é o mais velho e sábio da família de Tabujo e por isso tem a tarefa de dar-lhe um nome. O berarubu (forno) é o seio materno de onde saiu Tabujo escaldado, e por onde Wayangá passa para celebrar sua união com Tabujo.
O mergulho nas profundezas do rio é uma forma de se purificar e adquirir sabedoria, para nomear corretamente o Tabujo. A conversa com os peixes nas profundezas é reveladora. Assim, Wayangá retorna à superfície acompanhado pelos peixes em seu cabelo, que lhe revelaram possíveis nomes para Tabujo - Bekwe-bô se for mulher, e Betuk-ti se for homem);
2) Realizar pesquisa sobre os Xikrin, no site Socioambiental. Esta etapa pode ser feita pelos próprios alunos em pesquisa preliminar ou uma apresentação montada pelo professor;
3) Discutir com os alunos o conceito de tronco lingüístico;
4) Visualizar o forno (berarubu) em que as Xikrin preparam os alimentos; visualizar a preparação dos Xikrin antes dos rituais;
5) Destacar para os alunos a importância das relações de parentesco entre os Xikrin, a preparação do ritual de batismo, o papel dos homens e das mulheres na preparação da festa, o sentido dos nomes e do batizado;
6) Associar a construção da lenda ao dia-a-dia dos Xikrin;
7) Sugere-se como avaliação do Momento 2 que os alunos criem, eles próprios, um mito com elementos do seu dia-a-dia.
História do Brasil...Revolução paulista (1932)
Nível fundamental
Revolução Paulista (1932)
Objetivos
1) Identificar as razões pelas quais os paulistas encamparam uma guerra contra o Governo Provisório de Getúlio Vargas;
2) Compreender a função da propaganda política nos anos 30;
3) Constatar a permanência do "paulistismo" no momento das comemorações do 4º Centenário da Cidade de São Paulo, cerca de duas décadas mais tarde.
Ponto de partida
1) Ler o texto sobre Tenentismo, no site Educação;
2) Ler as informações sobre a simbologia do Obelisco-Mausoléu do Parque do Ibirapuera disponíveis no site da Prefeitura de São Paulo.
Justificativa
A Revolução Constitucionalista de 1932, iniciada 45 dias após a morte dos estudantes Martins, Miragaia, Drausio e Camargo (MMDC), durante tentativa de invasão a um jornal tenentista em maio de 1932, é tema obrigatório nos conteúdos de História do Brasil.
Carrega no nome o peso de um movimento que prescrevia a implementação de uma democracia no país, mas a participação da velha oligarquia cafeeira no movimento tornava patente o desejo de retorno ao passado federalista da 1ª. República.
A exigência de uma Constituição e da nomeação de um interventor civil e paulista para o Estado de São Paulo possibilitou a aglutinação de membros do Partido Republicano Paulista e do Partido Democrático em torno do movimento, ao mesmo tempo em que o tema da autonomia e superioridade paulistas coadunou e eletrizou a população.
Mesmo sendo tratada de maneira passageira ao longo das aulas, a Revolução Paulista pode ajudar a esclarecer as lutas entre as diversas oligarquias existentes no país, a participação dos tenentes antes e depois do golpe de 1930 e a necessidade essencial de angariar as massas sob um objetivo comum.
Estratégias
1) Solicitar uma pesquisa prévia sobre o Obelisco-Mausoléu e uma outra, mais breve sobre, as comemorações do 4º. Centenário da Cidade.
2) Realizar discussão a partir dos dados obtidos. Ressaltar o "paulistismo" presente na elaboração arquitetônica do monumento, no empenho do governo em construí-lo e nas comemorações do 4º. Centenário.
3) Expor algumas imagens dos cartazes utilizados pelo governo paulista para convocação da população e para angariar fundos para a guerra. Sugerimos imagens que você pode acessar clicando aqui.
4) Identificar os grupos oponentes ao longo da Revolução.
5) Destacar a impotência bélica das tropas paulistas contra as tropas oficiais.
6) Realizar atividade de fechamento retomando a estrutura autoritária da 1º. República e o ressentimento da oligarquia paulista após o golpe de 1930.
História do Brasil...Lavoura canavieira, reforma agrária
Nível fundamental
Lavoura canavieira colonial
Objetivos
1) Conhecer o processo produtivo da cana-de-açúcar.
2) Estabelecer relações entre as funções exercidas pela zona rural e pela área urbana.
3) Constatar a permanência das atividades produtivas da colônia ainda no século 20.
4) Analisar a forma pela qual a linguagem cinematográfica expõe a ética patriarcal e os aspectos culturais e simbólicos dela decorrentes.
Ponto de partida
1) Ler o item "Cana-de-açúcar e trabalho escravo: os primeiros pilares do Brasil Colônia", do texto Economia colonial, no site Educação;
2) Assistir ao filme "Abril Despedaçado", dirigido por Walter Salles, inspirado no livro homônimo de Ismail Kadaré, (Brasil/Suíça/França, Vídeo Filmes/Haut et Court/Bac Films/Dan Valley Film AG, 2001).
Justificativa
"Abril Despedaçado" possui a qualidade de um filme comprometido historicamente sem a chateação de documentários que tentam, quase sempre em vão, retratar o passado brasileiro com fidelidade. A trama consegue reunir os conflitos pela terra, os símbolos de poder, a sociedade patriarcal, a infância negada, o trabalho, a pobreza, como elementos indissociáveis e circulares de uma determinada forma de vida.
Sobretudo, o filme trata com rara delicadeza as ações e os sentimentos de Tonho, o filho mais velho da família Breves, que, despertado e liberto pelo amor por uma artista de circo, aos poucos rompe com a lógica circular do patriarcalismo e das relações de poder ali estabelecidas.
Estratégias
Elaborar um roteiro para os alunos direcionarem o olhar antes de assistirem ao filme. Sugerimos uma apresentação inicial dos personagens (Rodrigo Santoro é Tonho; José Dumont é o Pai; Ravi Lacerda é Pacu; Rita Assemany é a Mãe; Luiz Carlos Vasconcelos é Salustiano; e Flavia Marco Antonio é Clara), seguida de uma breve conversa sobre a sinopse do filme, disponível abaixo.
1) Chamar a atenção para:
a) a paisagem local;
b) o processo de produção da rapadura;
c) a lei privada se opondo à lei pública;
d) a vida dos três homens da família Breves: suas diferenças e semelhanças;
e) os elementos circulares do filme.
2) Assistir ao filme.
3) Discutir os elementos do item 2 com os alunos.
4) Elaborar com os alunos um roteiro temático para servir de subsídio para elaboração de um trabalho em grupo:
a) Tema Trabalho: canavial, moenda, caldeira, transporte, comercialização;
b) Tema Cidade: comércio, diversão;
c) Tema Patriarcalismo: cegueira, honra, lei privada, figura do pai;
d) Tema Símbolos: fita preta, movimento circular dos bois/moenda, movimentos circulares de Clara, valor da vida em diferentes momentos do filme, camisa com sangue/mudança das luas;
e) Tema Infância: ausência de nome (Menino); trabalho; direito à educação; perspectivas de futuro, papel do livro presenteado por Clara.
5) Trabalho em grupo sugerido: elaboração de cartaz com imagens e legendas, cujo título deverá ser uma palavra que sintetize a idéia central do cartaz.
6) Apresentação e discussão dos trabalhos.
Sinopse do filme
Abril 1910 - Na geografia desértica do sertão brasileiro, uma camisa manchada de sangue balança com o vento. Tonho, filho do meio da família Breves, é impelido pelo pai a vingar a morte do seu irmão mais velho, vítima de uma luta ancestral entre famílias pela posse da terra.
Se cumprir sua missão, Tonho sabe que sua vida ficará partida em dois : os 20 anos que ele já viveu, e o pouco tempo que lhe restará para viver. Ele será então perseguido por um membro da família rival, como dita o código da vingança da região.
Angustiado pela perspectiva da morte e instigado pelo seu irmão menor, Pacu, Tonho começa a questionar a lógica da violência e da tradição. É quando dois artistas de um pequeno circo itinerante cruzam o seu caminho. (Do site oficial de "Abril Despedaçado")
A reforma agrária
Objetivos
1) Conhecer as raízes históricas da concentração de terras no Brasil;
2) Reconhecer a luta camponesa pela terra;
3) Saber sobre a história do MST (ou de qualquer movimento social rural);
4) Conhecer outros movimentos sociais;
5) Refletir sobre o teor das notícias, ou melhor, a intencionalidade delas.
Comentário introdutório
O problema da questão fundiária no Brasil tem tido constantes aparições na mídia. Isso deve-se à permanência histórica do tema e ao papel dos movimentos sociais, que promovem o debate. Tratar da reforma agrária com os alunos é uma necessidade latente. Entretanto, ela deve ser efetivada de modo cuidadoso para que não transpareça o posicionamento do professor e sim, para que os alunos possam, por meio de seus conhecimentos prévios e adquiridos em aula, reavaliar todas as informações a que têm acesso.
Estratégias
1) Explique aos alunos a historicidade da má distribuição de terras no Brasil. Monte uma pequena linha do tempo para que eles visualizem a continuidade do problema. Procure retomar outros conteúdos que já tenham sido abordados e que guardem relações com esta problemática. Assim, os alunos reconhecem a importância do que já estudaram.
2) Peça que digam quais movimentos sociais vêem aparecer na mídia com mais freqüência e o que conhecem de seus objetivos e maneira de mobilização.
3) Conte aos alunos a história do MST e as conquistas dos trabalhadores rurais antes da formação deste movimento. Não se esqueça de relatar as conquistas legais (lei) dos camponeses durante o regime militar, mas que não foram efetivadas de maneira concreta.
4) Traga notícias de outros movimentos rurais e peça para que depois da leitura os grupos apresentem à turma os principais objetivos e a mobilização do movimento em análise para alcançá-los.
5) Proponha um debate no qual os alunos separem o "antes" e o "depois", ou seja, o que já sabiam antes desta aula e no que evoluíram. Assim, o conteúdo é retomado e você pode avaliar o seu próprio desempenho e o dos alunos.
Atividades
1) Entregue diferentes notícias sobre o MST, que tenham caracteres diferentes, ou seja: matérias que buscam maior imparcialidade, que criticam e que apóiam as ações deste movimento.
2) Os alunos devem ler a notícia tentando identificar o caráter dela. Acompanhe todos os grupos, procure com os alunos as palavras, expressões ou períodos que justificam a afirmativa deles.
3) Forme grupos de 5 pessoas e peça para que reescrevam essa notícia (que a deixem resumida/condensada) para apresentação em formato de notícia urgente, numa espécie de telejornal.
4) Peça que cada grupo apresente a notícia e que o restante da sala procure a intencionalidade dela. Assim, será possível construir posicionamento crítico não só sobre a questão agrária no país mas também em relação aos próprios meios de comunicação.
Sugestões e dicas
Se existir tempo hábil, deixe que os alunos pesquisem outros movimentos sociais e que tragam reportagens. Dessa maneira, eles desenvolvem também a habilidade de pesquisa e provavelmente se interessarão ainda mais pelas atividades propostas.
História do Brasil...Consciência negra, luta armada e repressão
Nível fundamental
Consciência NegraObjetivos
1) Reconhecer a historicidade da comemoração do Dia Nacional da Consciência Negra, ou melhor, a percepção desta data como resultante de intensa atividade do movimento negro no Brasil;
2) Desenvolver atividades que visem ao debate sobre os preconceitos que ainda são presentes na sociedade brasileira e à busca de algumas de suas raízes históricas.
Comentário introdutório
A partir de 9 de janeiro de 2003, o governo de Luiz Inácio Lula da Silva sancionou a lei que institui a obrigatoriedade da inclusão do ensino da História da África e da cultura afro-brasileira nos currículos de estabelecimentos públicos e particulares de ensino da educação básica. A decisão ocorreu diante da necessidade de debates sobre a pluralidade cultural que caracteriza o Brasil e de reflexões sobre o papel do negro na formação da cultura brasileira.
Além de aspectos educacionais, a lei n°10. 639 acrescenta que o dia 20 de novembro deve ser inserido no calendário escolar como Dia Nacional da Consciência Negra.
Esses aspectos são fundamentais no debate se é esperado que os alunos reconheçam a importância dos diferentes agentes na história do país: entre eles, os africanos e os afro-descendentes.
Estratégias
1) Inicialmente, discuta com os alunos se eles acham necessária uma comemoração como a do Dia Nacional da Consciência Negra. Crie situações polêmicas para que você possa sentir como os alunos tratam essa questão, se têm ou não opinião formada ou se simplesmente desconheciam a existência da data.
2) Agora explique ao grupo o sentido da comemoração àqueles que lutaram para que fosse incluída no calendário cívico nacional. Apresente as razões para a adoção desta data e a "negação" do 13 de maio.
3) Para que a aula adquira ainda mais sentido aos alunos, faça uma breve explanação sobre a figura de Zumbi dos Palmares e a simbologia dele para o movimento negro no país.
Atividades
1) Os alunos podem utilizar a lei 10.639, que institui a obrigatoriedade da inclusão do ensino de História da África e da cultura afro-descendente como documento. Eles devem analisar a data em que foi criada, com qual objetivo etc.
2) Depois do estudo desta lei, é preciso refletir sobre a adequação ou não dela ao contexto histórico do debate, ou seja, no cotidiano dos alunos. Para isso, o professor pode levar para a turma diferentes reportagens ou notícias relacionadas à temática, preferencialmente com abordagens bastante diferenciadas, ou melhor, com posicionamentos distantes, em relação a política de cotas para negros na universidade, por exemplo.
3) Depois da leitura (em equipes), os alunos devem colocar-se em relação ao seu material e expor as conclusões. A sala deve conversar sobre o assunto e nenhuma das interpretações precisa aparecer como verdade absoluta: todos têm direito a expressar suas opiniões o que, obviamente, significa não desrespeitar o outro.
Sugestões e dicas
Depois de todo esse trabalho, os alunos podem ter interesse por assuntos como preconceito, ou mesmo como a escravidão. Fique atento para que a importância do negro na sociedade brasileira não fique resumida a estes aspectos. Para isso, basta apresentar alguns importantes personagens da história nacional dos negros.
Luta armada e repressão
Objetivos
1) Reconhecer a conjuntura política da luta armada;
2) Reconhecer o uso dos filmes como fontes para a construção do conhecimento e análise do momento histórico em que foi produzido (filme como documento);
3) Debater os alcances da repressão no país;
4) Promover a reflexão sobre os diferentes posicionamentos dos sujeitos históricos em uma mesma conjuntura.
Comentário introdutório
O desenvolvimento dessa aula possibilita ao aluno reconhecer o que foi a luta armada no Brasil e como se deu a derrota. A aula deve estar inserida em uma seqüência didática referente à ditadura militar brasileira ou mesmo dentro de um programa que avalie o direcionamento das esquerdas dentro e fora do Brasil.
Estratégias
1) É fundamental que os alunos conheçam o que foi a luta armada no Brasil, as especificidades dela e os objetivos. Apresente de maneira expositiva esses aspectos, de modo que fique evidente que a história não é feita apenas pelos "grandes nomes".
2) Analise detalhadamente alguns dos atos institucionais e mostre aos alunos as justificativas dadas pelos grupos de luta armada.
3) Depois dessa apresentação, deixe que os alunos assistam ao filme "O Que é Isso, Companheiro?", de Bruno Barreto.
4) Depois de assistir ao filme, peça aos alunos que representem a cena que mais tenha atraído a atenção deles. Para isso, solicite que utilizem diferentes tipos de produções artísticas (desenhos, versos, recorte e colagem etc). Peça para alguns deles apresentarem as criações. Conforme o grupo fizer referência às cenas, escolha as que mais auxiliam você a aprofundar suas análises. Crie sua argumentação baseada nas descobertas de seus alunos.
5) Por fim, apresente as idéias dos movimentos de luta armada. Tente não resumir a escolha a apenas um grupo e um posicionamento.
Atividades
1) Peça que os alunos pesquisem sobre os métodos de violência usados durante a ditadura. Montem um pequeno mural na sala. Ele deve ser usado para criar e fixar a definição da turma (obviamente baseada em pesquisas) do que é violência, censura e luta armada, a fim de que o grupo se coloque criticamente sobre o fato histórico em análise.
2) Busque em jornais e revistas dados sobre as indenizações e as pessoas com doenças causadas pela violência.
3) Realize com a turma uma análise mais detalhada do filme como documento, reflita sobre as razões que levaram essa versão a lotar os cinemas no país.
Sugestões e dicas
Aprofunde com seus alunos os alcances da repressão no país. Uma possibilidade é o uso da obra "Um relato para a história: Brasil nunca mais", escrito por estudiosos que retratam as angústias, os abusos e a repressão cometidos pelo regime, usando documentos produzidos pelas próprias autoridades da ditadura militar.
quarta-feira, 28 de maio de 2008
História do Brasil...O sete de setembro, A exploração do trabalho manual
Nível fundamental
Sete de Setembro
Objetivos
1) Reconhecer as concepções dos alunos sobre liberdade. Debatê-las para que eles se reconheçam como sujeitos de suas vidas e para que percebam as interferências deles na sociedade.
2) Perceber as forças em jogo no processo de independência nacional - as influências inglesas, a resistência portuguesa etc.
3) Reconhecer o significado das comemorações de datas como a independência para o presente, ou seja, estabelecer relações entre história e memória.
4) Refletir sobre os beneficiados pelo processo de independência e sobre aqueles que não tiveram as condições de vida alteradas substancialmente.
Comentário introdutório
Qualquer tema histórico, ao ser debatido para a construção de um posicionamento crítico, deve mostrar a relação com a vida cotidiana do grupo de alunos. Assim, o conhecimento da relação presente-passado-presente será elemento importante para a compreensão do mundo.
Diante disso, é fundamental que o processo brasileiro de independência seja analisado com olhares sobre as disputas entre os diversos sujeitos históricos que nele estiveram envolvidos, direta ou indiretamente. Na atualidade, o estudo da história não valoriza apenas os chamados "grandes nomes", mas todos os embates de forças do contexto histórico.
Refletir com os alunos sobre a comemoração da independência brasileira é essencial. Deve-se pensar sobre qual memória foi preferida, ou seja, o que foi escolhido para se lembrar e para se esquecer. Qual a relevância disso para a manutenção do sentimento de unidade entre a população brasileira?
Estratégias
1) Antes de iniciar os estudos sobre a independência nacional, é importante reconhecer as idéias dos alunos sobre independência , para que se possa orientar a aula de modo a responder às expectativas do grupo. Pode-se criar uma tempestade de idéias com o conceito de independência, em que a turma colocará todas as idéias que tiverem sobre o tema. Uma boa idéia é escrever o conceito na lousa, puxar setinhas e pedir que os alunos coloquem o que entendem por independência;
2) A partir do reconhecimento das idéias de independência que os alunos têm, apresente os antecedentes da independência do Brasil e a efetivação dela. Procure demonstrar que a história não se constrói por consensos, isto é, assim como eles têm idéias distintas sobre independência, os sujeitos históricos no contexto analisado também tinham interpretações - pautadas em seus interesses - que se distanciavam;
3) Depois dos alunos conhecerem os interesses dos distintos grupos no processo brasileiro de independência, faça uma pequena encenação, na qual cada equipe deve defender as idéias de um dos interessados em fazer ou não fazer a independência brasileira. Por exemplo:
a) antigos funcionários da Coroa Portuguesa (contrários à independência porque eram beneficiados com o sistema colonial);
b) a Inglaterra, que, devido à industrialização crescente, buscava novos mercados consumidores;
c) a aristocracia rural, que não desejava perder seus benefícios.
Atividades
1) Depois de utilizar estratégias que levem os alunos a reconhecer os diversos posicionamentos dos sujeitos históricos, é hora de fazer a relação com o presente. Em grupos, os alunos devem descrever as imagens mais freqüentemente recuperadas na atualidade para lembrar a independência brasileira. Eles devem perguntar-se por que tais lembranças são recuperadas e outros fatos deixados no esquecimento, como, por exemplo, os verdadeiros beneficiados pelo ocorrido.
2) Faça com os alunos um debate sobre essas razões e aprofunde as colocações deles com os debates desenvolvidos pela historiografia sobre os limites entre história e memória. Isso deve ser norteado pelo estágio em que os alunos estiverem em relação aos conceitos da disciplina. Ou seja, deve ser respeitado o "ritmo" dos alunos.
3) Peça aos grupos que façam uma notícia de jornal - para o presente. Nela, eles devem colocar o que precisa ser lembrado, segundo cada grupo, ao se fazer referência à independência na atualidade.
4) Por fim, os grupos devem apresentar as notícias para a turma e explicar por que se deveria pensar a independência dessa maneira, lembrando a quem a independência beneficiou.
Leia e ouça
Hino da Independência do Brasil
História do Brasil
Exploração e desvalorização do trabalho manual
Introdução
Fazer com que os alunos do ensino fundamental percebam as relações entre presente e passado no estudo de história faz com que os conteúdos abordados se tornem mais significativos e assimiláveis. Assim, os conhecimentos adquiridos na análise desse componente curricular serão úteis cotidianamente.
Partir de temas atuais faz com que tal percepção colabore para a formação de cidadãos ativos e críticos.
Objetivos
1) Percepção das permanências da mentalidade de uma sociedade que conviveu com a escravidão por mais de três séculos (mentalidade escravista).
2) Desenvolver e analisar os dados de uma pesquisa.
3) Envolver as famílias nas atividades escolares.
4) Análise de documento: legislação trabalhista brasileira.
Estratégias
1) Pegue imagens de diferentes profissões (com tamanho que possibilite serem observadas por todos os presentes) e peça que os alunos digam quais delas são mais valorizadas pela sociedade brasileira, ou melhor, que têm melhor remuneração e que são mais respeitadas e desejadas quando alguém procura uma profissão. De acordo com a diferenciação efetuada pelos alunos, separe as imagens em dois grupos (ou colunas) distintos na lousa.
Observação: As respostas dos alunos não devem ainda estar pautadas em seus julgamentos pessoais e sim na análise das profissões que a maioria da população brasileira "mais valoriza" e "menos valoriza". Deixe isto bastante claro, para que as discussões não sejam o foco do trabalho neste momento inicial.
2) Depois de a turma ter separado as atividades mais valorizadas e menos valorizadas na atualidade, questione: O que diferencia os dois grupos formados? Algum destes trabalhos pode ser descartado sem que a sociedade perca?
3) Depois de perceber o que os alunos sabem sobre o assunto, escreva, como título de cada um dos grupos de profissões, "trabalho manual" e "trabalho intelectual", respectivamente. Então discuta se essas nomenclaturas são eficazes para nomear as atividades profissionais em análise. Pergunte, por exemplo, se em ambos os casos não são utilizadas tanto as habilidades manuais como as intelectuais e analise cada uma delas, apresentando exemplos para que sua explicação fique mais clara.
4) Explique aos alunos que no passado brasileiro quem desempenhava as atividades hoje "menos valorizadas" eram os escravos e que desempenhá-las era algo vergonhoso para os senhores (brancos).
5) Use reportagens sobre as condições de trabalho dos cortadores de cana no Brasil para debater com a turma a desvalorização de profissões como essa. Aproveite para discutir também a ausência de políticas públicas eficazes para acompanhar o desenvolvimento de certas atividades profissionais que ainda hoje são alvo de grande exploração.
Atividades
1) Peça a seus alunos que utilizem imagens de trabalhos considerados "manuais" e "intelectuais", que mostrem aos seus familiares e efetuem uma pequena entrevista, registrando os dados obtidos:
a. Qual dessas profissões é mais valorizada na sociedade brasileira?
b. Qual dessas profissões você gostaria que eu desempenhasse quando adulto? Por quê?
2) Peça que tragam os resultados para a sala de aula e façam coletivamente uma tabulação para perceber se o pré-conceito em relação a algumas profissões é verdadeiro no cotidiano brasileiro. Então façam as análises dos resultados, retomando os debates feitos anteriormente em sala de aula.
3) Para finalizar o trabalho, traga para o grupo as datas das leis que regulamentam o trabalho no Brasil, por exemplo, a lei de férias e o 13o salário. Traga também as datas das leis que garantem os mesmos direitos aos empregados domésticos. Faça uma análise para que os alunos percebam a distinção com que os ditos trabalhos manuais foram tratados no país e como a própria legislação brasileira manteve por muito tempo a desvalorização dessas atividades profissionais.
Sugestões
Na atividade com as famílias é importante que todos os alunos trabalhem com as mesmas imagens, para que os resultados da entrevista e tabulação possam refletir melhor a visão de parte da sociedade brasileira. Eles precisam entender por que efetuam as entrevistas usando as mesmas profissões (imagens), desse modo também serão desenvolvidos conhecimentos sobre procedimentos importantes para a realização de entrevistas e pesquisas.
História do Brasil...Antes de cabral, a revolta da vacina
Nível fundamental
Antes de Cabral - ÍndiosObjetivos
Conhecer os elementos que caracterizam a história da população indígena, sobretudo antes do período do descobrimento e no início do período colonial.
Comentário
Embora o conhecimento escolar sobre os índios seja relativamente valorizado e faça parte dos programas escolares desde as primeiras séries do ensino fundamental, a discussão sobre a população indígena na época do descobrimento é, de modo geral, restrita.
Dificilmente os índios são estudados como protagonistas de sua história e não como um grupo social antagonista da conquista portuguesa e constituído apenas no momento da colonização.
Material
O texto Antes de Cabral: cinco milhões de índios habitavam o território brasileiro pode servir como ponto de partida para a atividade.
Estratégias
1) Inicialmente, proponha a leitura do texto indicado no item anterior;
2) Depois da leitura, os alunos se dividem em grupos de 3 a 5 alunos. Cada grupo deve montar uma avaliação do conteúdo estudado, criando perguntas sobre os pontos desenvolvidos no texto;
3) A seguir, o professor solicita que os grupos exponham, oralmente ou na lousa, algumas das perguntas que elaboraram, comentando os tópicos estudados e checando com toda a classe as respostas corretas.
Atividades
Conforme a motivação e o interesse da turma, o professor pode elaborar coletivamente um instrumento concreto de avaliação para ser aplicado no lugar das provas tradicionais. Essa atividade daria aos alunos a oportunidade de estudar para uma prova que eles mesmos elaboraram. Os alunos podem vivenciar a dificuldade e a seriedade na formulação de uma prova ou exame, com a oportunidade de estar no lugar do professor.
Sugestões
A aprendizagem por meio da elaboração de perguntas, questões dissertativas e instrumentos de avaliação é muito eficaz como instrumento pedagógico. A aplicação desta técnica pode se adequar ao grau maior ou menor de autonomia dos alunos. O exercício de análise de texto que essa prática envolve e a maturidade requerida devem ser considerados pelo professor.
Revolta da Vacina
Introdução
O conhecimento da Revolta da Vacina permite reflexões sobre diferentes problemas vividos pela população brasileira (especificamente no Rio de Janeiro) no início do século 20. É possível desenvolver abordagens sobre a política higienista que já se realizava, a participação popular e as próprias motivações dos questionamentos populares. É possível ainda desenvolver debates sobre as estratégias usadas pela população na defesa de seus direitos.
Objetivos
1) Conhecimento do contexto histórico e das motivações existentes para a ocorrência da Revolta da Vacina.
2) Conhecimento da importância do discurso médico (políticas higienistas) no início do século 20.
3) Desenvolvimento das habilidades de leitura, síntese e exposição oral.
4) Análise de documentos: notícias e reportagens.
Estratégias
1) Inicie a aula perguntando aos alunos o significado da palavra "cidadão". Peça que cada participante registre sua colaboração na lousa. Na seqüência, pergunte se julgam o voto essencial para a garantia da cidadania, e se ele é a única maneira da população participar ativamente das decisões políticas.
2) Pergunte aos alunos se acreditam que ser cidadão hoje é o mesmo que ser cidadão no passado brasileiro e em outros locais (no passado e no presente). Então, problematize as diferentes concepções históricas das idéias de cidadania.
3) Apresente aos alunos o tema da aula e pergunte se sabem o motivo de iniciar a aula com o questionamento sobre cidadania. Nesse momento, explique o que foi a Revolta da Vacina e as preocupações sanitárias existentes na época, e que levaram a uma reestruturação da cidade do Rio de Janeiro.
Deixe claro que o objetivo da aula é tratar essa revolta inserida em um longo processo histórico, no qual a participação popular ocorreu por meio dos canais oficiais e não oficiais.
4) Peça que os alunos leiam textos sobre a Revolta da Vacina e apresentem seus questionamentos. Caso exista esse tema no livro didático utilizado em sala de aula, pode ser interessante uma leitura coletiva e compartilhada.
Atividades
1) Peça que os alunos tragam notícias ou reportagens (já lidas) em que o desejo de participação popular seja o tema.
2) Organize duplas, para que os documentos trazidos pelos alunos sejam trocados entre eles, o que propiciará a leitura de um segundo documento.
3) Faça uma tabela na lousa, na qual todas as motivações para organização popular sejam registradas. Pergunte se os alunos conhecem outras motivações, inserindo-as na tabela.
4) Desenvolva um debate com os alunos, perguntando se há igualdade de condições para que toda a população participe da vida política do país.
Sugestão de leitura
A obra "Os bestializados: o Rio de Janeiro e a República que não foi", de José Murilo de Carvalho, Editora Cia. das Letras, permite aprofundar o estudo da Revolta da Vacina em vários sentidos.
História do Brasil...Imigração para São Paulo, anhagabaú (1922)
Nível fundamental
Imigração para São Paulo
Introdução
Um dos temas transversais presentes nos Parâmetros Curriculares Nacionais é a análise da pluralidade cultural. Na realidade brasileira, o reconhecimento dessa pluralidade só é possível se forem desenvolvidos estudos que demonstrem a relevância dos diversos sujeitos históricos presentes na formação do povo e da cultura do nosso país.
Assim, ressaltar a participação dos diferentes grupos sociais que chegam a São Paulo no final do século 19 e início do 20 permite o reconhecimento das trocas culturais estabelecidas nessa região. Além disso, serão possíveis reflexões/debates sobre as dificuldades de adaptação desses imigrantes, os preconceitos que sofreram e também as razões que geram a emigração.
Objetivos:
1) Estabelecimento de relações entre o passado e o presente.
2) Análise do documentário "O mundo cabe numa cadeira de barbeiro", de José Roberto Torero.
3) Reconhecimento dos diferentes fluxos migratórios que chegam ao Brasil no final do século 19 e início do 20.
4) Estudo do sistema de parcerias e da Lei de Terras (1850).
Estratégias:
1) Antes de tratar sobre o início da imigração para o território brasileiro, apresente aos alunos o documentário "O mundo cabe numa cadeira de barbeiro" (ele tem cerca de 55 minutos). Faça uma introdução, esclarecendo que os relatos apresentados no filme são de imigrantes que vieram ao Brasil no século 20, principalmente depois do início da década de 1930, mas que a observação deles permite perceber as dificuldades no uso da língua portuguesa, as necessidades de adequação aos costumes brasileiros e todas as questões que envolvem uma mudança de vida tão radical.
Além disso, é fundamental que, depois dessa análise, haja uma reflexão sobre a construção do documentário, no qual os fios de cabelo são utilizados como estratégia para o desenvolvimento do roteiro, pois são eles que permitem aos seis imigrantes relatarem suas experiências ao deixar seus países, suas diferentes trajetórias e a chegada ao território brasileiro, mais especificamente à cidade de São Paulo.
2) Logo a seguir, é interessante que haja uma exposição - na qual os alunos participem - sobre as principais razões que trazem os imigrantes ao Brasil no início do século 20. Para que a exposição seja mais eficaz, talvez seja interessante escolher uma nacionalidade específica, apenas citando as razões de outros grupos sociais terem saído de seus respectivos territórios.
É fundamental que os alunos percebam o quanto os conhecimentos trazidos de diferentes realidades históricas são relevantes para o desenvolvimento do país, inclusive no que se refere à economia brasileira, como, por exemplo, a exportação do café, que foi fortemente favorecida com a linha ferroviária Santos-Jundiaí, construída devido à participação de ingleses.
3) Explique à turma o que era o sistema de parcerias e o quanto ele dificultava a realização dos sonhos dos imigrantes que aqui chegavam. Já que, em sua maioria, os imigrantes vinham com a esperança de conseguir melhores condições de vida por meio do trabalho, o que nem sempre acontecia. Mostre à turma o papel desempenhado pela Lei de Terras (1850) no sentido de "frustrar" os imigrantes que vinham ao Brasil em busca da propriedade da terra.
4) Oriente os alunos para que façam a árvore genealógica de suas famílias. A partir dela, peça que observem se hábitos dos seus cotidianos (hábitos alimentares, gestos, comportamentos diversos etc.) guardam alguma relação com as raízes de seus antepassados. Dessa maneira, eles perceberão as influências das culturas que aqui chegaram.
Atividades
1) Divida a sala em três grandes grupos e peça que cada um deles escreva uma pequena peça sobre a imigração para o Brasil durante o período de tempo estabelecido. Nela devem constar ao menos três aspectos desenvolvidos em sala de aula:
Lei de Terras;
Sistema de Parceria; e
Influências culturais e dificuldades de adaptação.
2) Solicite que cada grupo escolha alguns de seus componentes para realizar a leitura dramática da peça produzida.
3) Ao final da apresentação de cada equipe, o restante da turma deve avaliar o que houve de mais interessante na apresentação e se os três aspectos exigidos foram abordados.
Sugestões:
Uma visita ao Museu do Imigrante pode permitir aos alunos não só o aprofundamento desse tema, mas também reflexões sobre o cotidiano dos imigrantes que chegavam à cidade de São Paulo.
Anhangabaú (1922)
Mario de Andrade
Parques do Anhangabaú nos fogaréus de aurora...Oh larguezas dos meus itinerários...Estátuas de bronze nu correndo eternamente,num parado desdém pelas velocidades...
O carvalho votivo escondido nos orgulhos,do bicho de mármore parido do salon...Prurido de estesias perfumado em rosaiso esqueleto trêmulo do morcego...Nada de poesia, nada de alegrias!...
E o contraste boçal do lavradorque sem amor afia a foice...
Estes meus parques do Anhangabaú ou de Paris,onde tuas águas, onde as magoas dos teus sapos?"Meu pai foi rei!- Foi. - Não foi. - Foi. - Não foi."Onde as suas bananeiras?Onde o teu rio frio escarnecido pelos nevoeiros,contando historias aos sacis?...
Meu querido palimpsesto sem valor!Crônica em mau latimcobrindo uma écloga que não seja de Virgílio!...
História do Brasil...Produção de açúcar e biocombustíveis, holandeses no Brasil
Nível fundamental
Produção de açúcar e biocombustíveis
Introdução
Um dos temas recorrentes na atualidade é o uso de biocombustíveis, também conhecidos como combustíveis variáveis. Para que os estudos sobre esse tema tenham profundidade é importante que os alunos conheçam as raízes históricas do uso da cana-de-açúcar no país. Assim, perceberão que questões contemporâneas se relacionam com ações de sujeitos históricos do passado - e que a cana-de-açúcar também sustentou a economia em outras épocas da história brasileira.
Objetivos
1. Conhecer a importância da cana-de-açúcar no Brasil.
2. Conhecer o conceito de monocultura e suas implicações práticas no país.
3. Identificação da estrutura dos engenhos de açúcar e da exploração da mão-de-obra escrava.
4. Análise comparativa do uso da cana-de-açúcar no passado e no presente.
5. Analisar os limites entre literatura e história.
Estratégias
1. Leve à sala de aula reportagens sobre o uso de biocombustíveis. Faça o exercício de leitura de um desses documentos. Escolha um texto que forneça várias informações, de maneira a facilitar a leitura dos outros textos. É importante que os alunos façam perguntas, colaborando, dessa forma, para o processo de construção do conhecimento.
2. Divida a classe em grupos e distribua as reportagens. Os textos devem tratar de diferentes questões: plantio da cana-de-açúcar, exploração da mão-de-obra, produção de biocombustíveis, etc. Deixe que os alunos leiam o material. Depois, devem apresentar pequenas sínteses à turma.
3. Lance algumas perguntas à classe: Quando a cana-de-açúcar foi trazida para o Brasil? Quem trabalhava na sua produção? Quem se beneficiava dessa produção? Ao mesmo tempo, avalie os conhecimentos que a classe tem sobre o assunto.
4. Fale sobre a exploração da cana-de-açúcar no país, comparando o passado e o presente. Valorize questões como: funcionamento dos engenhos; exploração dos escravos e formas atuais de trabalho; sistema de monocultura e características do agronegócio; etc.
Atividades
1. Apresente trechos do romance Menino de engenho, de José Lins do Rego. De preferência, trechos que enfoquem as relações sociais em um engenho de açúcar. Ouça as impressões dos alunos, mas não se esqueça de esclarecer sobre: momento histórico ao qual a obra se refere, contrastes entre urbano e rural, relações econômicas, relações de poder, preconceitos, etc. É fundamental que os alunos percebam as diferenças entre ficção e realidade.
2. Peça que os alunos pesquisem notícias e reportagens sobre os efeitos econômicos e sociais da produção de biocombustíveis. Depois, divida-os em equipes e peça que produzam uma história em quadrinhos, na qual os principais problemas sejam enfocados. É importante sugerir a presença de personagens preocupados com questões ambientais, por exemplo. Depois, os grupos devem apresentar as histórias e deixá-las expostas no mural da classe.
Ocupação holandesa
Introdução
Conhecer as razões que levaram à ocupação holandesa no Brasil, bem como seus reflexos na história do Nordeste brasileiro, permite aos alunos a percepção das relações da história do Brasil com outros países, além de Portugal, o que demonstra como os fatos não ficavam reduzidos às relações entre metrópole e colônia.
Objetivos
1. Conhecer as razões que levaram os holandeses a ocupar o Brasil.
2. Conhecer as regiões ocupadas pelos holandeses.
3. Conhecer a diversidade de interesses dos sujeitos históricos, como, por exemplo, a burguesia holandesa.
4. Analisar o papel da Companhia das Índias Ocidentais.
5. Identificar as relações de poder entre Holanda, Espanha e Portugal.
6. Conhecer as razões que levaram ao fim do domínio holandês no Nordeste.
Estratégias
1. Inicie a aula mostrando que a ocupação holandesa no território brasileiro acontece entre 1630 e 1654, mas que, anteriormente, já havia interesse holandês em explorar as riquezas do Brasil. O professor pode construir uma pequena linha do tempo, na qual as razões da frustrada ocupação da Bahia sejam apresentadas.
2. Depois, pergunte aos alunos: Quais interesses vocês teriam em relação ao Brasil se vivessem nesse período? O que os faria desejar a dominação de parte do território que era colonizado por Portugal? Registre as idéias em um cartaz e, a seguir, mostre para a sala, por meio de outro cartaz, já preparado, as razões históricas do interesse holandês.
3. Nesse momento é interessante que se faça uma explanação sobre o período em que os holandeses dominaram parte do litoral nordestino e sobre como efetuaram a exploração do açúcar. É importante salientar os movimentos de resistência à ocupação e, ao mesmo tempo, os interesses que fizeram com que os senhores de engenho não se indispusessem com a burguesia holandesa. Além disso, conhecer os objetivos da Companhia das Índias Ocidentais faz com que os alunos visualizem as relações da ocupação holandesa com toda uma macroestrutura histórica, capaz de esclarecer, inclusive, o fim da dominação espanhola.
4. Para finalizar, proponha um jogo aos alunos. Divida a turma em grupos que representem os personagens participantes do momento histórico em análise. Escolha um personagem para você, professor, e, por meio de uma encenação improvisada, peça que os alunos recontem a história que acabaram de estudar.
Atividades
1. Para que os alunos percebam as relações do que foi estudado com o presente, pesquise quais são os principais produtos agrícolas para a economia nacional e que posição ocupam seu produtores na sociedade brasileira. Analise esses dados com os alunos, sem se esquecer de demonstrar que, atualmente, existem muitas outras atividades que sustentam a economia brasileira.
2. Depois de terminado esse trabalho, aborde novamente a ocupação holandesa, de maneira a mostrar a importância do açúcar para a economia nacional. Por fim, apresente ao grupo os efeitos, para o Brasil, da produção de açúcar comandada pelos holandeses nas Antilhas.
sábado, 24 de maio de 2008
História do Brasil... Questão Cristhie, história da alimentação
Nível fundamental
Questão CristhieIntrodução
O estudo da Questão Cristhie favorece a compreensão das relações diplomáticas em diferentes contextos históricos. É importante perceber como os interesses políticos e econômicos dos diversos países mudam de acordo com os períodos da história.
Objetivos
1. Conhecer o fato histórico denominado Questão Cristhie.
2. Analisar a importância, para o Brasil, das relações diplomáticas com a Inglaterra durante o século 19.
3. Estudar o contexto histórico no qual as relações diplomáticas entre Brasil e Inglaterra foram rompidas.
4. Identificar as interferências inglesas em diferentes questões da política brasileira durante o século 19: antecedentes da Questão Cristhie.
5. Identificar a importância e os efeitos do reconhecimento formal da soberania brasileira, por parte da Inglaterra, durante o século 19.
Estratégias
1. Apesar de a Questão Cristhie não ser um tema muito abordado nos estudos historiográficos e no ambiente escolar, trata-se de um fato importante para compreendermos as relações econômicas e políticas entre a Inglaterra e o Brasil no século 19. O professor deve começar a aula com uma explanação sobre o tema.
2. Peça aos alunos que criem notícias de jornal, com se vivessem durante o período estudado, demonstrando nos textos, inclusive, a relação da Questão Cristhie com a vida cotidiana da população brasileira daquele período. O professor estabelece os fatos que devem ser noticiados e acompanha a elaboração dos textos. Depois, os alunos apresentam seus trabalhos à turma.
3. Por fim, formule algumas perguntas sobre a Questão Cristhie, relacionando o tema a disputas diplomáticas da atualidade. Será uma forma de contextualizar o assunto.
Atividades
1. Peça que os alunos tragam para a aula reportagens sobre problemas diplomáticos que o Brasil enfrenta atualmente. As questões envolvendo o Brasil e a Espanha, por exemplo, no que se refere à imigração de brasileiros, pode ser um tema interessante.
2. Depois de os alunos lerem as notícias, divida a turma em grupos. Cada grupo será responsável por uma questão diplomática, sobre a qual deverá escrever uma notícia em tom de urgência, salientando os aspectos mais graves. As notícias devem ser apresentadas à classe. Ao final de cada exposição, o professor deve fazer perguntas e debater os pontos importantes.
História da alimentação
Introdução
Devido aos novos temas relacionados à história do cotidiano, é importante o estudo da história da alimentação, para que os alunos conheçam os diferentes hábitos alimentares, no passado e no presente, compreendendo-os como relevantes manifestações culturais, não só do Brasil, mas de todos os povos.
Objetivos
1. Conhecer a alimentação em seus aspectos culturais e históricos, ou seja, como um elemento da cultura que se transforma no tempo, de acordo com as mudanças que ocorrem na sociedade.
2. Conhecer fatores geográficos, econômicos e políticos que se relacionam com a dieta de um povo, em um dado momento histórico.
3. Análise das transformações históricas da dieta de uma população - busca das causas e das conseqüências dessas mudanças.
Estratégias
1. Peça aos alunos que perguntem aos pais (e registrem em seus cadernos) quais os alimentos que faziam parte da dieta de suas famílias quando eram crianças. O que se manteve e o que se modificou?
2. Comece a aula identificando quais as alterações mais freqüentes nos hábitos alimentares dos pais das crianças. Registre na lousa as descobertas dos alunos e, antes que cheguem a qualquer conclusão, pergunte quais razões podem ter influenciado as mudanças nos hábitos alimentares de seus pais. Anote as hipóteses levantadas pela classe.
3. Monte com a turma um cardápio contendo os principais alimentos ingeridos na dieta dos pais (quando estes eram crianças) e na dos próprios alunos. Faça isso na forma de uma tabela comparativa e peça que, ao final, todos avaliem qual a dieta mais recomendada à saúde.
4. Volte à tabela e peça aos alunos que busquem razões geográficas, econômicas, culturais e políticas para as mudanças nos hábitos alimentares.
Atividade
Peça à turma que pesquise as regras de etiqueta, durante as refeições, na atualidade. Registre as informações na lousa e, depois, comente sobre as regras de etiqueta em outras épocas e, também, em outras sociedades. Os alunos devem perceber que não é apenas a alimentação que se transforma, mas que o próprio comportamento humano à mesa obedece a importantes variações culturais.
Sugestão
Seria interessante que crianças com hábitos alimentares diferentes apresentassem as receitas dos pratos que são comuns em suas casas. E por que não fazer um piquenique, no qual cada aluno levaria um prato típico de sua família?
terça-feira, 20 de maio de 2008
História do Brasil... A chegada da familia real, a abertura dos portos
Nível fundamental
A Chegada da família realIntrodução
Devido à intensa veiculação de opiniões sobre a chegada da corte portuguesa no Brasil, é importante debater com os alunos quais as relações desse fato histórico com a vida atual dos brasileiros.
É importante também que os alunos conheçam as diferentes visões, presentes na historiografia, sobre a vinda da família real. Só assim poderão analisar as diversas interpretações desse fato histórico e chegar às suas próprias conclusões.
Objetivos
1. Reconhecimento do contexto histórico em que se dá a chegada da família real no Brasil.
2. Análise das mudanças ocorridas, depois da instalação da corte portuguesa, na economia, na política, nas relações culturais e sociais. Ao mesmo tempo, estudar as facetas da realidade que permaneceram inalteradas.
3. Estudo das mudanças na organização do Estado.
4. Análise do processo de construção da unidade territorial brasileira e da relevância da presença da família real no Brasil.
5. Debate sobre a importância desse momento histórico para a formação da identidade do povo brasileiro.
Estratégias
1. Leve para a sala de aula pequenos cartazes, nos quais estejam registradas algumas das transformações ocorridas no Brasil depois da transferência da corte portuguesa: a criação do Banco do Brasil, da primeira escola de medicina, etc. É importante que o momento no qual essas mudanças aconteceram não seja revelado aos alunos. Eles devem saber apenas que foram as primeiras instituições que surgiram no país e refletir sobre o papel delas na história brasileira.
2. Depois de ouvir as opiniões dos alunos, apresente o contexto histórico em que essas mudanças ocorreram. Exponha a relevância desses fatos para a criação de uma infra-estrutura que atendesse às necessidades da monarquia que aqui se instalava. É fundamental que sejam evidenciadas as mudanças ocorridas na organização estatal daquela época.
3. Apenas nesse momento da aula as motivações da fuga da família real estarão em foco. Pergunte aos alunos o que sabem sobre o acontecimento e, a partir das idéias expostas, problematize o contexto histórico. É importante que as expressões "vinda", "chegada" e "fuga" sejam debatidas, já que revelam aspectos fundamentais do debate que envolve importantes nomes da historiografia brasileira.
4. Para finalizar, faça uma explanação sobre o papel da corte portuguesa para a manutenção da unidade territorial brasileira. Cite as diferentes revoltas que ocorriam no Brasil, pois isso ajudará o grupo a compreender o papel centralizador da monarquia.
Atividade
1. Para que os alunos percebam as mudanças geradas nas relações sociais brasileiras depois da chegada da família real, leve para a sala de aula objetos que permitam interpretar, encenar as representações do imaginário sobre tais mudanças - e o quanto elas reorientaram a vida cotidiana daquele tempo.
Pensar, com os alunos, sobre o número de pessoas que chegou ao Brasil e os estranhamentos em relação aos costumes do "outro", será uma maneira de fazê-los se sentir parte daquilo que foi vivenciado pelos sujeitos históricos daquele período. Um exemplo relevante foi a apropriação de diversas propriedades, para que servissem de moradia aos que chegavam de Portugal.
2. Por fim, peça aos alunos - dispostos em pequenos grupos - que criem mímicas revelando o que acharam mais interessante. Depois de apresentá-las e de os colegas terem tentado descobrir quais mensagens estavam subjacentes aos gestos, proponha que façam pequenas explanações sobre o significado de suas representações.
Sugestões de leitura
1. Na revista Nova Escola, edição de jan/fev de 2008, há o artigo "Nascimento do Brasil", assinado por Paulo Araújo, sobre a "fuga" da família real. O texto pode auxiliar no tratamento do tema com os alunos, principalmente no que se refere a fatores metodológicos que facilitem o processo de construção do conhecimento. O artigo traz um infográfico que pode ser usado com a turma e que auxiliará na visualização das relações entre os fatos históricos.
2. A obra 1808: como uma rainha louca, um príncipe medroso e uma corte corrupta enganaram Napoleão e mudaram a história de Portugal e do Brasil, Editora Planeta, do jornalista Laurentino Gomes, traz uma série de curiosidades que permitem tornar o tratamento do tema mais atraente aos alunos. É importante ressaltar - o que o autor já faz no corpo do livro - que a obra não tem qualquer preocupação no sentido de desenvolver um trabalho historiográfico preciso, ainda que faça referência a vários historiadores.
A abertura dos portos
Introdução
No momento em que o Brasil comemora os 200 anos da transferência da monarquia portuguesa, pesquisar as circunstâncias que levaram à abertura dos portos possibilita reconhecer a importância desse fato para a história das relações comerciais do Brasil no século 19. Além disso, é possível identificar as diferentes razões que levaram dom João a "optar" por essa medida.
É relevante observar também o quanto a abertura dos portos permitiu mudanças na vida cotidiana, devido aos inúmeros produtos que passaram a chegar ao país. Na verdade, todo esse processo representou um passo importante para as relações internacionais brasileiras e, também, para o desenvolvimento de nossa economia.
Objetivos
1. Conhecer as circunstâncias que levaram à abertura dos portos.
2. Analisar as mudanças que a abertura dos portos provocou na vida cotidiana da população.
3. Refletir sobre as trocas culturais facilitadas pelas relações comerciais do Brasil com outros países.
4. Refletir sobre a desconstrução progressiva do pacto colonial, que garantia o monopólio comercial português.
Estratégias
1. Coloque na lousa o tema da aula e pergunte se os alunos sabem o que ele significa. Peça que dois alunos anotem no quadro as idéias verbalizadas pela turma, formando uma tempestade de idéias.
2. Explique aos alunos a importância desse fato para as relações comerciais, evidencie a relevância dos meios de transporte marítimo e, também, a ausência de uma efetiva interconexão entre as regiões brasileiras.
3. Escolha dois ou três objetos trazidos ao território brasileiro pela família real e debata com a turma sobre as mudanças que o uso desses objetos gerou nos costumes dos brasileiros. (Observação: ajuda a despertar o interesse da turma usar ao menos um objeto exótico, como, por exemplo, um par de patins para gelo).
4. Depois de os alunos perceberem o quanto as decisões políticas transformam a vida da população, construa, com a participação da turma, um mapa conceitual que recupere tudo que foi estudado e que possibilite a compreensão do quanto a abertura dos portos às nações amigas minava os aspectos centrais do pacto colonial.
5. Reflita com os alunos sobre as relações comercias brasileiras no presente. Pergunte quais produtos o Brasil exporta e quais importa - e registre na lousa. Para finalizar, escolha uma notícia ou reportagem sobre as trocas comerciais na atualidade, leia com a turma e deixe que os alunos relacionem essas trocas comerciais e culturais com as que ocorriam no tempo da chegada da família real.
Atividade
1. Para que os alunos percebam a importância das mudanças ocorridas no Brasil com a abertura dos portos, organize um exercício de interpretação. Nele, três alunos devem representar os interesses de três países: Brasil, Portugal e Inglaterra. Na primeira fase da atividade, o Brasil deve estar preso pelo pacto colonial e os entraves das relações comerciais devem ficar evidentes. Na segunda fase, faça a representação das mesmas necessidades comerciais, agora sem os entraves, derrubados pela abertura dos portos. É interessante que os privilégios alfandegários dados aos ingleses sejam destacados.
2. Por fim, peça aos alunos que representem, por meio de desenhos, o Brasil antes e depois da abertura dos portos.
História do Brasil... O papel feminino, a vinda da familia real
Nível fundamental
O papel femininoIntrodução
O estudo da luta pela emancipação feminina no Brasil é relevante para o reconhecimento do papel da mulher na história, papel que muitas vezes foi esquecido por uma historiografia que, durante muito tempo, não teve o feminino como campo de pesquisas.
A análise das lutas empreendidas pelas mulheres brasileiras no início do 20 permite a percepção das relações entre o público e o privado aqui existentes, e a superação processual da crença na inferioridade feminina.
Esta aula também permite a avaliação das permanências e mudanças na representação do feminino e do masculino, de modo que a história dos gêneros seja focalizada.
Objetivos
1. Identificação das lutas para o reconhecimento da igualdade entre homens e mulheres.
2. Compreensão das permanências e mudanças no tratamento conferido às mulheres no mercado de trabalho.
3. Reconhecimento dos embates travados pelas mulheres brasileiras no início do século 20 em busca da igualdade de direitos (em relação aos homens) e do direito ao voto.
Estratégias
1. Coloque na lousa algumas frases que atualmente ainda são usadas para definir o que é considerado papel feminino e papel masculino. Ditados populares com aspectos preconceituosos em relação ao que é considerado função da mulher ou do homem provavelmente irão gerar grande envolvimento da turma. Deixe que os alunos façam isso sem saber quais são os seus objetivos, preste atenção em seus comentários para tornar o debate mais interessante.
2. Pergunte à turma quem sabe qual o seu objetivo em apresentar frases como as expostas e qual seria o assunto principal desses "ditos populares". A partir de suas colocações apresente o tema da aula e os principais assuntos que serão estudados.
3. Agora crie situações problema para os alunos solucionar, imaginando que são sujeitos históricos do início do século 20. Crie situações simples nas quais fiquem evidentes os diferentes tratamentos direcionados à mulher e ao homem. Volte à análise de alguns dos ditos populares, para relacioná-los com a crença na inferioridade feminina existente no passado e a permanência de algumas considerações semelhantes em relação à mulher na atualidade.
4. Depois das comparações entre o presente e o passado e da percepção das rupturas e permanências em relação às "funções" da mulher, faça uma explanação sobre a conjuntura (final do 19 e início do 20). É importante lembrar que a construção da idéia de que o lar cabia à mulher não era realidade para todas as brasileiras, portanto, não trate "a mulher" como uma categoria histórica, chame atenção para as diferenças sociais e regionais, ou melhor, para a valorização ou desvalorização daquelas que trabalhavam. É sabido, por exemplo, que o trabalho condenado para uma mulher da elite brasileira não tinha correspondente na vida social das mulheres pobres, muitas delas lavadeiras, passadeiras, empregadas domésticas, costureiras, etc.
5. Faça com os alunos a desconstrução da dicotomia entre público e privado demonstrando suas relações, principalmente para estas mulheres pobres, já que muitas delas desenvolviam o chamado "trabalho para fora" no espaço de sua casa, de modo que dividiam o tempo entre as tarefas domésticas e o trabalho desempenhado para compor a renda familiar.
6. Para finalizar pergunte à turma se sabe há quanto tempo as mulheres votam no Brasil. Partindo das respostas oferecidas, apresente o processo de luta pelo sufrágio feminino que no Brasil só foi alcançado na década de 1930.
Atividade
1. Leve à sala de aula reportagens, notícias ou mesmo artigos sobre o tratamento conferido a mulher no mercado de trabalho. Dados estatísticos referentes aos salários pagos pelo desempenho das mesmas funções também são relevantes para a percepção de permanências e mudanças nas relações entre feminino e masculino em diferentes instâncias, seja no lar, nas ruas ou no trabalho. Deixe que dispostos em grupos os alunos leiam os diferentes materiais trazidos e que se preparem para apresentar as informações que mais lhes chamaram atenção.
2. Finalize a atividade pedindo que cada grupo leve a sala de aula a gravação de algum comercial em que algum grupo ou minoria seja usado para vender o produto de modo preconceituoso. Juntamente com a exibição do comercial os alunos devem apresentar uma pequena reflexão justificando a escolha do material.
A vinda da Família Real
Ponto de Partida
Leitura dos textos Família Real no Brasil e Dom João na Bahia, no site Educação do UOL.
Objetivos
1) Conhecer os fatos e personagens relacionados ao tema.
2) Compreender as causas e as conseqüências do evento histórico, cujo bicentenário se comemora em 2008.
3) Perceber - se possível - como certos eventos implicam uma aceleração do tempo histórico: a presença da Família real desencadeia um surto de desenvolvimento no Brasil e impulsiona o processo de Independência do país.
Comentário
As atividades que se propõem a seguir servem tanto para o ensino fundamental quanto para o médio. Cabe ao professor dirigi-la e aprofundá-la, de acordo com o público com o qual vai lidar.
Atividade
Produzir um jornal impresso ou mural sobre a vinda da Família real ao Brasil e a sua presença aqui.
Estratégias
1) Dividir a classe em grupos e encarregar cada um deles da produção e redação de um dos cadernos que vão compor o jornal.
2) Basicamente, o jornal pode conter os cadernos de:
a) Política, para o qual se devem pesquisar os fatos acerca da vinda da Família real, suas causas e conseqüências. Por exemplo: a política napoleônica e o Bloqueio Continental, a decisão do príncipe regente, a transferência da corte (quantos navios, quantas pessoas, o que foi trazido, etc.), o fato de o Brasil deixar a condição de colônia, etc.b) Economia: a abertura dos portos, a fundação do Banco do Brasil e de indústrias...c) Cultura: a criação da Impressão régia, a Missão Artística Francesa... Aqui, podem-se explorar particularmente as gravuras de Jean-Baptiste Debret que apresentam imagens de grande valor documental sobre o país à época.d) Coluna Social: Quem eram os principais membros da Corte que vieram para o Brasil (a rainha Maria 1ª., o príncipe dom João, a princesa dona Carlota Joaquina, dom Pedro.e) Outros cadernos que abordem outros aspectos específicos que o professor ache pertinentes.
3) Organizar as equipes de produção dos cadernos, determinando quem vai pesquisar, quem vai redigir, quem vai atrás de imagens, etc.4) Havendo possibilidade, o projeto não deve se limitar à classe que vai realizá-lo: vale a pena imprimir uma certa quantidade de exemplares do jornal e distribui-lo na escola.
Sugestão
Para o ensino médio: A leitura de "Memórias de um Sargento de Milícias" se passa na época em que dom João 6º. Estava no Brasil e traça um divertido panorama do cotidiano das camadas médias e baixas da sociedade brasileira da época. Constitui-se, assim, num contraponto à presença da Corte no país. O livro pode ser estudado num trabalho conjunto com o professor de literatura.
segunda-feira, 19 de maio de 2008
História do Brasil... Escravatura e abolição, conhecendo são Paulo
Objetivos
1) Conhecer como, quando e por quê o sistema escravocrata de trabalho foi implantado no Brasil;
2) Compreender a importância do movimento abolicionista;
3) Saber resumir oralmente os pontos mais significativos do tema.
Estratégias
1) O Vestibucast é um serviço de provimento de conteúdos digitais em áudio do jornal Folha de S.Paulo, que apresenta resumidamente os elementos esssenciais de temas do currículo escolar. Vamos utilizar, apenas como exemplo, o seguinte áudio:
Revolução Farroupilha.
2) Peça para seus alunos escutarem-no. Evidentemente, a melhor maneira de escuta é a própria internet. Na impossibilidade de acessá-la em sala de aula, porém, o professor pode recorrer a um gravador para reproduzir o áudio.
3) Peça a seus alunos para transcreverem o texto por escrito. No decorrer da transcrição, você pode mostrar a eles a estrutura do resumo que o aúdio constitui, isto é, como ele aborda o estritamente essencial para poder dar conta do tema abordado em dois minutos e 30 segundos.
4) O áudio do Vestibucast servirá como modelo que seus alunos deverão reproduzir, preparando outros áudios sobre os temas: escravatura e abolição.
Atividades
1) Divida a classe em no mínimo quatro grupos. Dois se concentrarão na escravatura e dois na abolição. Cada grupo deve produzir um áudio semelhante ao do Vestibucast.
2) Para isso, antes de mais nada, é preciso pesquisar os assuntos. O site Educação possui vários textos sobre trabalho escravo e abolição na História do Brasil. Entre eles, destacamos Escravidão no Brasil e todos os links a ele relacionados.
3) Concluída a pesquisa, os alunos devem discutir entre si para levantar os pontos que consideram essenciais. Em seguida, devem produzir um texto escrito para ser lido em voz alta e, posteriormente, gravado. A produção do texto pode contar com a colaboração do professor de língua portuguesa.
4) A título de motivação, estimule a criatividade dos alunos: eles devem caprichar na locução, podem criar efeitos especiais sonoros (como o arrastar de correntes) e uma trilha sonora de fundo.
Conhecendo São Paulo
Objetivos
As atividades sugeridas a seguir têm por objetivo explorar aspectos da cidade de São Paulo, de um ponto de vista histórico. A cidade de São Paulo - por sua importância econômica, cultural e social - constitui um patrimônio para todos os brasileiros, e não apenas para os que nela vivem.
Para os alunos que estudam em São Paulo, as atividades podem fazer parte de um projeto mais abrangente, envolvendo visitas a marcos históricos e a museus como o Museu Anchieta ou o Museu Paulista. Para os demais estudantes, a pesquisa se dará por meio da Internet e da biblioteca.
Ponto de Partida
Vários sites na Internet têm a cidade de São Paulo como tema, trazendo informação histórica, documentação e material iconográfico. Uma boa indicação é o excelente Almanaque Folha Especial SP 450.
Estratégias
A critério do professor, e de acordo com o planejamento pedagógico da escola, sugerimos três possibilidades de trabalho:
1) A cidade de São Paulo - transformaçõesTrata-se da elaboração de um questionário, com informações históricas sobre a cidade de São Paulo desde seu surgimento. As perguntas podem ser elaboradas pelo professor ou pelos próprios alunos, a partir da pesquisa histórica realizada. Alguns exemplos:
a) Em que ano a Câmara Municipal proibiu que os brancos escravizassem os índios?
b) O que foi o Colégio dos Jesuítas? Em que ano foi fundado?
c) A localização de São Paulo foi considerada privilegiada, descrita como "uma colina alta e plana, cercada por dois rios". Que rios eram esses? Desenhe um esboço da primeira vila de São Paulo.
d) O Jardim da Luz foi o primeiro jardim público da cidade. Como era então? Como é hoje?
e) O que representou a fundação da Academia de Direito no Largo São Francisco?
f) De que época é a criação do Viaduto do Chá?
2) Os bairros de São PauloA classe é dividida em grupos e cada grupo será responsável pela pesquisa sobre um bairro de São Paulo, do ponto de vista de seu desenvolvimento histórico. O resultado pode ser materializado numa espécie de álbum, com textos, impressos, recortes, desenhos, fotos, além de dados estatísticos. Sugestão de bairros interessantes:
a) Sé;
b) Liberdade;
c) Bom Retiro;
d) Brás.
3) Aspectos característicos de São PauloNovamente os alunos podem se organizar em grupo e escolher um tema de seu interesse. Os temas sugeridos abaixo permitem trabalhar a história da cidade a partir de eixos complementares. Cada um deles tratará de um aspecto característico da cidade, entre eles esporte, cultura, lazer, entretenimento e urbanização.
a) seus clubes de futebol;
b) sua gastronomia;
c) seus teatros e museus;
d) sua arquitetura.
Sugestões
As atividades indicadas podem ser ampliadas, combinadas ou integradas num projeto mais extenso, a critério do professor. É possível também integrar essas atividades num projeto multidisciplinar, com os professores de geografia, filosofia, educação física, artes e português.
História do Brasil... Bandeiras do Brasil, guerra de Canudos
Objetivo
1) Reconhecer a gênese da atual Bandeira do Brasil.
2) Conhecer a história do Brasil por meio de suas bandeiras.
3) Relacionar as diferentes bandeiras do Brasil aos diferentes períodos históricos que elas simbolizam.
4) Refletir sobre a importância dos símbolos da Pátria na construção do imaginário coletivo
Ponto de partida
A força da imagem da Bandeira do Brasil, em contraste com suas antecessoras, instiga a imaginação e a curiosidade dos alunos.
Pode ser tomada como ponto de partida a página Conheça os Pavilhões do País, desde a Colônia até a República
Atividade
1) Confeccionar uma série de bandeiras do Brasil de diferentes períodos históricos.
2) Criar pequenos textos que acompanharão as imagens, explicando a importância histórica de cada bandeira.
3) Organizar uma exposição das bandeiras do Brasil. As bandeiras devem ser expostas em ordem cronológica e acompanhadas de textos identificadores e explicativos.
Sugestões
A atividade deve ser realizada em conjunto com o professor de Língua Portuguesa, para a redação dos textos das legendas e das explicações. O professor de Artes definirá as técnicas empregadas na confecção das bandeiras. As sugestões incluem colagem, trabalho com tecido ou pintura.
Guerra de Canudos
Ponto de partida
Leitura do texto Guerra de Canudos: a República se impõe ao sertão a ferro e fogo.
Objetivos
1) Conhecer as causas gerais e as imediatas do confronto em Canudos;
2) Entender os motivos da intervenção do Governo, bem como reconhecer os excessos dessa intervenção;
3) Conhecer a seqüência dos conflitos;
4) Refletir sobre o abandono do sertão nordestino por parte das autoridades governamentais da República velha e discutir em que sentido esse abandono, hoje, faz ou não parte do passado.
Comentário
A guerra de Canudos é um episódio muito significativo da história do Brasil: as populações de uma região de poucos recursos naturais é abandonada a sua própria sorte. Quando esta mesma população se organiza para resolver seu problema passa a ser vista como uma ameaça ao Estado.
Estratégias
1) Dividir inicialmente a classe em três equipes e propor que cada uma delas levante a história de Canudos, seguindo o percurso trilhado por Euclides da Cunha em "Os Sertões":
a) A terra: Caracterizar geograficamente a região onde ocorreu o conflito. Como era a região à época? Como é a região hoje?
b) O homem: pesquisar a cultura, lato senso, do sertão nordestino, levantando aspectos tais como o coronelismo, o cangaço, a religiosidade popular, a literatura de cordel, etc.
c) A luta: essa equipe pode se subdividir em quatro, cada uma das quais se dedicaria a narrar com o maior número de pormenores possível as quatro campanhas militares. Seria interessante levantar mapas da Bahia e da região de Canudos, assinalando nos mapas os locais onde se deram os confrontos, a marcha das colunas.
2) O professor pode completar a pesquisa dos alunos fazendo uma exposição sobre o Brasil da época, em que o eixo econômico estava no Sudeste, em função da economia cafeeira. Quanto ao Nordeste, enquanto o litoral e o agreste ainda conheciam algum desenvolvimento, como era a vida social no sertão? Destacar o caráter litorâneo do desenvolvimento econômico brasileiro.
Debate
Vale a pena discutir particularmente:
Qual o motivo da repressão violentíssima das autoridades governamentais?
Qual o motivo da resistência obstinada da população de Canudos?
Dicas e sugestões
Com todas as restrições que possam ser feitas ao filme "Guerra de Canudos", de Sérgio Resende, vale a pena fazer os alunos assisti-lo (ele se encontra em DVD), para motivá-los e levá-los a visualizar o panorama histórico.
Existem diversos livros paradidáticos sobre o tema que podem servir de base à pesquisa dos alunos.