História do Brasil
Nível fundamental
Coronelismo
Introdução
Tratar do fenômeno do coronelismo em sala de aula pode revelar uma série de aspectos importantes da história nacional. Entre eles, o reconhecimento de permanências e mudanças no processo histórico e a percepção da ação de seus diversos agentes. Apesar desses agentes não terem sido objeto de muitas análises historiográficas, atuaram de maneira a reorientar as vivências de parcela significativa da população brasileira.
A abordagem do coronelismo pode ser introduzida com um debate sobre a história da participação popular no Brasil por meio do voto. Nos trabalhos com este tema é importante considerar a história do sufrágio universal brasileiro e incentivar o questionamento da própria construção da cidadania no país.
Objetivos
1) Reconhecimento da história do coronelismo e suas relações com o cangaço.
2) Reconhecimento das raízes históricas do coronelismo: reflexão sobre a figura dos donatários e dos proprietários das sesmarias.
3) Reconhecimento das permanências e mudanças no papel político dos grandes proprietários no Brasil.
4) Debate referente à construção da participação popular no Brasil: o voto como arma política.
Estratégias
1) Inicie a aula com o questionamento do que o nome "coronelismo" pode significar. Deixe que os alunos exponham suas idéias e as registrem na lousa. Faça perguntas: De que palavra deriva? Vocês conhecem algum período na história que tenha sido definido por este conceito? Vocês acreditam que ter terras possibilita uma posição privilegiada na sociedade brasileira? Como?
2) Depois de reconhecer os dados que seus alunos já dominam, apresente uma linha do tempo em que sejam evidenciadas as raízes históricas do poder dos grandes proprietários no país. É importante que os alunos percebam também a concentração de terras nas mãos de poucos proprietários (donatários, donos de sesmarias, coronéis etc.) e compreendam o quanto essa posição possibilita benefícios e uma participação política (interferência) constante na vida da população brasileira. A linha do tempo auxiliará na percepção das permanências e mudanças no processo.
3) No momento em que os alunos já reconhecem a figura do coronel e efetuam a localização temporal, realize uma exposição que complemente as descobertas realizadas. É fundamental a participação dos alunos. Crie uma situação hipotética em que cada aluno represente a figura de agentes históricos envolvidos no processo. Dê a cada um deles uma determinada função: coronel, jagunço, cangaceiro, trabalhador rural etc. E "amarre" a temática dando "vida" aos sujeitos históricos. Nessa representação é fundamental que o "voto de cabresto" seja explicado e que os alunos reconheçam a continuidade de ações como essas na atualidade.
4) Por fim, desenvolva um debate sobre a importância do voto. Divida a sala em duas grandes equipes. Uma deverá defender o voto como principal arma política da população e a outra mostrará que ele é apenas uma das maneiras de participação popular. Cada grupo deverá formular questões para o outro grupo. Por fim, termine o debate deixando que registrem suas conclusões coletivamente.
Atividades
1) Leve à sala de aula diferentes textos referentes ao coronelismo e os entregue às equipes. Peça que cada uma delas, após a leitura do material complementar, desenvolva uma parábola na qual a temática seja o coronelismo. Visite cada equipe constantemente e auxilie na formulação, enfatizando aspectos diferentes para cada um dos grupos. Dessa maneira, a turma terá a produção de um material bastante diversificado.
2) Reserve tempo para que os alunos possam ensaiar suas parábolas e também para que possam marcar o ritmo da música com sons produzidos com o próprio corpo (batendo palmas, emitindo sons ao tocar diferentes partes do corpo). Assim, além do conhecimento histórico, estarão desenvolvendo habilidades motoras importantes para seu desenvolvimento.
3) Como conclusão do trabalho, peça que cada equipe apresente sua parábola e entregue a letra a cada um dos alunos, que poderão analisar o conteúdo abordado.
Cultura popular no Estado Novo
Objetivos
1) Caracterizar as funções do Departamento de Imprensa e Propaganda (DIP).
2) Compreender formas criativas de reação popular à ditadura do Estado Novo.
Ponto de partida
Ler o item Censura e Propaganda do texto Estado Novo no site Educação.
Ler abaixo a letra da canção "O Bonde São Januário" que pode ser ouvida aqui .
O Bonde São Januário(Wilson Batista e Ataulfo Alves)
Quem trabalha é que tem razãoEu digo e não tenho medo de errarO bonde São JanuárioLeva mais um operário:Sou eu que vou trabalhar
Antigamente eu não tinha juízoMas resolvi garantir meu futuroVejam vocês:
Sou feliz, vivo muito bemA boemia não dá camisa a ninguémÉ, digo bem
Justificativa
O Estado Novo varguista teve início em um momento peculiar da história brasileira, quando os meios de comunicação de massa, especialmente o rádio, o disco e o cinema consolidavam-se no país e constituíam-se em mercado de trabalho para muitos artistas pobres que viram neles uma possibilidade - precária, é verdade - de ascensão social. A produção cultural do período, especialmente aquela considerada como "cultura popular", é vista como reflexo das políticas públicas, deixando de levar em consideração as formas criativas encontradas pela população para lidar com o regime ditatorial.
Estratégias
1) A partir da percepção dos estímulos midiáticos que nos cercam (músicas, imagens, publicidade), discutir com os alunos o alcance dos modernos meios de comunicação de massa nos dias de hoje.
2) Criar, junto com os alunos, estratégias de repressão a esses estímulos. Ao longo da atividade, os alunos devem perceber a dificuldade em censurar os meios de comunicação de massa e a necessidade de um imenso e bem articulado corpo de censores para que o plano se efetive.
3) Ler a letra ou ouvir a canção "O Bonde São Januário" e analisar os princípios do DIP ou do Estado Novo presentes na canção.
4) Substituir o termo "operário" do verso "Leva mais um operário" por "sócio otário", versão original cortada pela censura do DIP.
5) Discutir com a classe a precariedade da situação dos músicos populares, especialmente dos sambistas negros cariocas, e as razões da sua opção pela versão do DIP.
6) Discutir as funções do DIP a partir das diretrizes legais que nortearam a sua criação e relativizar o alcance do nacionalismo estatal presente nos sambas produzidos ao longo do Estado Novo.
Voto de cabresto
Objetivos
1) Caracterizar o otimismo presente nas camadas urbanas diante da proclamação da República;
2) Caracterizar os processos de permanência da sociedade autoritária e patriarcal durante a 1ª. República;
3) Comparar o cotidiano do campo com as transformações urbanas do final do século 19 e início do 20.
Ponto de partida
1) Ler o item Voto de Cabresto, no texto O coronelismo e a política dos Governadores;
2) Ouvir a anedota Cavando Votos , de Cornélio Pires (Instituto Moreira Salles/Rádio UOL).
Justificativa
O sistema político inaugurado por Campos Sales durante a 1ª. República normalmente é apresentado aos alunos sob uma perspectiva urbana, através dos arranjos entre as oligarquias. No entanto, uma de suas bases de sustentação - o voto de cabresto - é um fenômeno intimamente ligado ao campo e àqueles que podiam ser facilmente "convencidos" pelo coronel, já que viviam em suas terras e dele dependiam para sobreviver.
Caracterizar o cotidiano dos homens que viviam no campo permite uma compreensão mais ampla da sobreposição operada pela "moderna" estrutura política republicana a uma prática de origens coloniais.
Estratégias
1) Resgatar com os alunos os conceitos de República, voto universal secreto e voto universal masculino aberto.
2) Ouvir a anedota de Cornélio Pires, Cavando Votos.
3) Extrair da anedota o otimismo do homem urbano diante da República, o dia-a-dia do caipira, seu sotaque diferenciado, sua simplicidade, e a impossibilidade de desvincular-se do sistema que lhe foi imposto, salvo pelo humor presente na anedota.
4) Compor com os alunos a estrutura da "Política do café-com-leite", incluindo a prática do coronelismo.
5) Debater com os alunos a sobreposição república oligárquica "moderna"- precariedade do universo rural brasileiro.
Sugestões
1) Na impossibilidade de reproduzir a gravação da anedota em sala de aula, você encontra sua transcrição aqui.
2) Caso ache interessante, os alunos podem fazer uma leitura dramatizada do texto.
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